Às vésperas do início do conclave que escolherá o novo papa — marcado para esta quarta-feira (7) — padres brasileiros ouvidos pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha, atentos aos bastidores do Vaticano, acreditam que uma surpresa pode vir do Brasil. O nome do cardeal João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Maringá (PR) e de Brasília, tem circulado discretamente como uma “zebra verde e amarela” no processo sucessório da Igreja Católica.
Embora seu nome não figure entre os favoritos nas principais listas de analistas do Vaticano, Aviz tem características que o tornam um possível consenso de última hora. De perfil progressista, é próximo do papa Francisco e, segundo fontes ouvidas pela reportagem, chegou a assistir a partidas de futebol ao lado do pontífice no Vaticano. Essa relação próxima pode pesar a favor de seu nome, especialmente em um cenário em que o novo papa possa ser visto como continuidade do atual.
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João Braz de Aviz já esteve entre os cotados no conclave de 2013, que elegeu Jorge Mario Bergoglio como papa Francisco. À época, ele ocupava o cargo de prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica — função que continuou exercendo mesmo após completar 75 anos, idade-limite para renúncia. Francisco decidiu mantê-lo no posto por mais dois anos, até nomear a irmã Simona Brambilla como sua sucessora, marcando também a primeira vez que uma mulher assumiu uma posição de alto escalão na Cúria Romana.
Duas qualidades
Religiosos brasileiros que acompanham o cenário acreditam que dom João reúne duas qualidades que o tornariam um nome viável: conhece profundamente o funcionamento da Cúria e poderia representar uma ponte entre o legado progressista de Francisco e um futuro pontificado potencialmente mais conservador. “Ele administraria o que agora existe e abriria caminho para uma transição, na visão dos conservadores. Com isso, o próximo papa poderia ser um ‘mão pesada’”, avalia um padre envolvido nas articulações.
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Ainda que improvável, a escolha de um novo papa latino-americano, especialmente brasileiro, não é descartada. Se confirmada, seria uma reviravolta simbólica e estratégica, num momento em que a Igreja enfrenta pressões tanto por mudança quanto por estabilidade.