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EUA "exportam" sarampo e Kennedy recomenda óleo de fígado de bacalhau

Doença não reconhece fronteiras

O risco do sarampo é grande para bebês de menos de um ano, para os quais a vacinação não é recomendada.
Risco.O risco do sarampo é grande para bebês de menos de um ano, para os quais a vacinação não é recomendada.Créditos: Wikipedia
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Os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, aplicaram tarifas generalizadas contra os vizinhos México e Canadá e, ao mesmo, "exportaram" o surto de sarampo que teve início entre não vacinados da comunidade evangélica menonita do Texas.

Até primeiro de maio, o Centro para o Controle de Doenças (CDC) confirmou 935 casos em 30 estados, com 13% de hospitalizações e três mortes. 96% dos casos aconteceram em pessoas não vacinadas ou que desconheciam seu histórico de vacinação.

O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., um militante contra as vacinas, foi obrigado a admitir que elas são uma forma de enfrentar os surtos, muito embora tenha recomendado o consumo de óleo de fígado de bacalhau, esteróides e antibióticos contra o sarampo -- todos obviamente sem efeito.

Ao ser escolhido por Donald Trump para o cargo, Kennedy causou temor nas indústrias da Big Pharma e da alimentação dos EUA, por conectá-las à epidemia de obesidade no país.

De acordo com seu discurso, as empresas de alimentação adoecem as crianças e as farmacêuticas produzem os remédios para um público cada vez mais jovem, com o objetivo de ter pacientes lucrativos pelo resto da vida.

Aí se encaixariam drogas contra o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e para emagrecer adolescentes.

Com estas prioridades, a previsão é de que Kennedy seria demitido do cargo em meses.

Na prática, no entanto, Kennedy até agora poupou as indústrias bilionárias e tem espalhado desinformação.

Ele faz campanha contra a adição de flúor à água de torneiras, tido como uma forma eficaz de garantir saúde bucal. Utah foi o primeiro estado dos EUA a proibir que os sistemas de tratamento locais utilizem flúor. 

É um estado controlado pela hierarquia da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, os mórmons.

Da mesma forma, Kennedy demonstra dubiedade ao falar sobre os surtos de sarampo.

A única forma de enfrentar a doença é a vacina MMR, que também cobre caxumba e rubéola.

De acordo com a Associated Press, as cidades mexicanas fronteiriças de El Paso e Cidade Juarez já tinham registrado 52 casos até o início de maio, "exportados" dos Estados Unidos.

No Canadá, a província de Ontario, que tem fortes relações econômicas e de turismo com os Estados Unidos -- é onde fica Toronto -- registrou 993 casos de sarampo em 2025.

Bebês e mulheres grávidas em risco

Para efeito de comparação, o Brasil não teve nenhum caso de sarampo em 2023, 5 casos em 2024 e 3 casos em 2025.

De acordo com dados oficiais, dois casos de 2024 foram importados do Paquistão e do Reino Unido.

Um surto de sarampo só se configura se houver três ou mais casos relacionados.

O sarampo é altamente transmissível e mata bebês por causa da recomendação de que a primeira dose da vacina seja dada apenas depois do primeiro ano de idade. Em caso de surto, o governo brasileiro pode fazer campanhas de vacinação para bebês a partir de seis meses.

Além disso, o sarampo é uma grande ameaça a mulheres grávidas e pessoas com baixa imunidade.

Nos Estados Unidos, no entanto, o secretário Kennedy continua dizendo que a decisão de vacinar ou não os filhos deve ser tomada pelos pais. Com isso, aumenta o risco para todos aqueles que não foram vacinados.

Os três mortos até agora nos EUA não eram vacinados: duas crianças em idade escolar no Texas e um adulto no Novo México.

No Brasil, um dos campeões do movimento anti-Ciência é o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, num cálculo conservador, concluiu que ao menos 95 mil brasileiros teriam sobrevivido à pandemia de Covid se Bolsonaro tivesse comprado vacinas logo que elas foram oferecidas.

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