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Harvard parte para cima de Trump depois de banimento de estudantes estrangeiros

Presidente dos EUA intensifica cruzada contra a universidade mais renomada do planeta

Créditos: SAUL LOEB/AFP
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A Universidade Harvard processou o governo Trump nesta sexta-feira (sexta-feira, 25), após a decisão da administração de bloquear a instituição de matricular e receber estudantes estrangeiros, ampliando uma disputa já em curso, segundo documentos judiciais.

Na quinta-feira, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, revogou a autorização de Harvard para matricular cidadãos estrangeiros, lançando dúvidas sobre o futuro de milhares de estudantes.

O presidente Donald Trump está furioso com Harvard — que já formou 162 ganhadores do Prêmio Nobel — por rejeitar sua exigência de que a universidade aceite supervisão sobre seus processos de admissão e contratação, diante das alegações de que seria um centro de antissemitismo e ideologia liberal “woke”.

Sua administração já ameaçou revisar os US$ 9 bilhões em financiamento público destinados a Harvard, congelou uma primeira parcela de US$ 2,2 bilhões em bolsas e US$ 60 milhões em contratos oficiais, além de mirar um pesquisador da Escola de Medicina de Harvard para deportação.

"Este é o mais recente ato do governo em clara retaliação pelo exercício, por parte de Harvard, de seus direitos constitucionais da Primeira Emenda, ao rejeitar as exigências do governo de controlar a governança, o currículo e a ‘ideologia’ de seus professores e estudantes", afirma o processo movido na corte federal de Massachusetts.

A perda de estudantes estrangeiros — que representam mais de um quarto do corpo discente — pode ser financeiramente danosa para Harvard, que cobra dezenas de milhares de dólares por ano em mensalidades.

‘Ilegal e injustificada’

O presidente interino de Harvard, Alan Garber, afirmou em comunicado nesta sexta-feira que "condenamos essa ação ilegal e injustificada.

"Ela coloca em risco o futuro de milhares de estudantes e pesquisadores em toda Harvard e serve como alerta para inúmeros outros em faculdades e universidades de todo o país que vieram aos Estados Unidos para buscar educação e realizar seus sonhos", disse ele.

"Acabamos de protocolar a ação, e uma moção por uma ordem de restrição temporária será apresentada em seguida."

Na quinta-feira, Noem havia declarado que "esta administração está responsabilizando Harvard por fomentar a violência, o antissemitismo e por coordenar com o Partido Comunista Chinês dentro de seu campus".

Estudantes chineses representam mais de um quinto do contingente internacional de Harvard, segundo dados da própria universidade, e Pequim afirmou que a decisão "apenas prejudicará a imagem e a posição internacional dos Estados Unidos".

"O lado chinês tem se oposto consistentemente à politização da cooperação educacional", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning.

Harvard já havia processado o governo dos EUA anteriormente por um conjunto distinto de medidas punitivas.

Karl Molden, estudante austríaco de Harvard, disse ter solicitado transferência para a Universidade de Oxford, no Reino Unido, por temer tais medidas.

"É assustador e triste", disse o estudante de 21 anos dos cursos de governo e clássicos à AFP na quinta-feira, chamando sua admissão em Harvard de "o maior privilégio" de sua vida.

Líderes da seção de Harvard da Associação Americana de Professores Universitários classificaram a decisão como "a mais recente de uma série de ações abertamente autoritárias e retaliatórias contra a mais antiga instituição de ensino superior dos Estados Unidos".

© Agence France-Presse

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