ASTRONOMIA

Por que os EUA não podem receber o presente chinês “mais valioso que o ouro”

Um impedimento legal que proíbe a "cooperação bilateral" entre a NASA e a Administração Espacial Nacional da China tem dificultado o acesso de pesquisadores norte-americanos ao material lunar chinês

Sonda chinesa Chang'e 5.Créditos: 3D PLUS/divulgação
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A China tem estabelecido parcerias internacionais de pesquisa com os "espólios" da missão Chang'e 5, lançada ao espaço em novembro de 2020, que trouxe de volta à Terra, no ano passado, as primeiras amostras de "pó lunar" em mais de 50 anos.

No Reino Unido, um desses "empréstimos" está sendo mantido numa instalação de segurança máxima na cidade inglesa de Milton Keynes para ter sua natureza geológica estudada.

Além do Reino Unido, instituições de outros cinco países devem receber as amostras para auxiliar a China nos "estudos lunares" (que buscam descobrir as origens e mais detalhes sobre o passado do astro).

Leia também: O presente "mais valioso que ouro" dado pela China ao Reino Unido: pó lunar | Revista Fórum

A última dessas missões a trazer com sucesso amostras lunares à Terra foi aquela parte do Programa Apollo, da agência espacial norte-americana (NASA), também a responsável por levar o homem à Lua pela primeira vez, em 1969.

E são justamente os Estados Unidos aquele país que não vai poder receber da China as amostras "mais preciosas que ouro" de seu pó lunar. A impossibilidade tem uma origem legal: a NASA está proibida, por uma emenda constitucional, de "financiar pesquisadores americanos" para estudar o material trazido pela Chang'e 5.

"Isso se deve a uma lei aprovada em 2011, a Emenda Wolf", explica a revista de ciência norte-americana Live Science. A emenda, nomeada em homenagem ao senador republicano Frank Wolf (seu criador), restringe o orçamento federal e proíbe a "cooperação bilateral" entre a NASA, a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) e os cientistas chineses.

O objetivo da lei? "Impedir que cientistas do governo chinês obtenham conhecimento de tecnologias espaciais americanas" e seu potencial "uso militar" contra os Estados Unidos.

Para participar dos esforços coletivos de estudo do raro material lunar conseguido pela China, seria necessário, portanto, que a NASA recebesse uma certificação do FBI, o Departamento Federal de Investigação, serviço de inteligência e segurança dos EUA, provando que o programa não oferece ameaças à segurança nacional.

Veículos internacionais compartilham o rumor de que cientistas da agência espacial têm consultado especialistas jurídicos para resolver a situação, já que assistiram à falha recente da sonda lunar Athena, desenvolvida pela Intuitive Machines, que pousou a 250 km do local idealizado para a missão, avistou um defeito no seu sistema de carregamento e não conseguiu coletar amostras lunares nem retornar à Terra com elas.

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