O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rompeu a antiga tradição da Casa Branca e está fazendo sua primeira viagem internacional ao Oriente Médio -- com passagens pela Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos.
Tradicionalmente, presidentes dos EUA davam prioridade ao Canadá ou ao Reino Unido.
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Diferentemente do que aconteceu com a viagem de Lula à Rússia e China, a mídia brasileira não denunciou o périplo de Trump por países de regimes autoritários.
Na Arábia Saudita, Trump foi tão badalado que o príncipe-herdeiro Mohammed Bin Salman providenciou uma lanchonete móvel do McDonald's para servir aos jornalistas e assessores que acompanharam Trump.
Salman lidera um regime que mandou matar o estadunidense Jamal Khashoggi, colunista do Washington Post, na embaixada saudita na Turquia.
Os sauditas prometeram investimentos de U$ 600 bilhões nos EUA.
Em Doha, no Catar, Trump anunciou a venda de 210 aeronaves da Boeing à empresa aérea local, um negócio avaliado em U$ 96 bilhões.
Lobista no governo dá aprovação
O conflito de interesses bate recorde histórico no governo Trump.
O ocupante da Casa Branca confirmou que aceitará um "castelo voador" de presente do Catar: um Boeing modificado, avaliado em U$ 400 milhões, que tem três saguões, dois dormitórios, nove banheiros, cinco cozinhas e um escritório.
Por questões de segurança, no entanto, o avião que será entregue a Trump para uso oficial terá de ser reformado -- a estimativa é de que isso leve até dois anos, além de centenas de milhões de dólares.
O Boeing será adequado aos critérios de segurança, comunicações e defesa vigentes na frota oficial dos EUA.
Assim, o "novo" Air Force One custará ao contribuinte dos Estados Unidos.
Trump alega que não pode esperar pela nova frota presidencial, já em construção na Boeing.
Assim que Trump deixar a Casa Branca, o avião presenteado pelo Catar será transferido para uso pessoal do ex-presidente -- uma jogada e tanto.
Em outras palavras, o republicano ganha um presente pessoal do Catar, que será reformado com dinheiro público, enquanto os dois filhos fecham negócios que vão turbinar a fortuna da família -- inclusive no Catar.
A procuradora-geral de Justiça dos Estados Unidos, Pam Bondi, já tem pronto um memorando endossando o "presente".
Ao passar por audiência no Senado, Bondi admitiu que fez lobby para o Catar quando trabalhava numa empresa de advocacia.
O contrato do emirado com o escritório era de 115 mil dólares mensais.
Ou seja, uma ex-lobista do Catar chancelará o presente do Catar a Trump.