LUTO

O gigante Mujica que foi à cadeia visitar Lula, o líder injustamente preso

Ex-presidente uruguaio, falecido nesta terça (13), foi um dos que estiveram lá. Ele viu o estadista brasileiro dar a volta por cima, provar sua inocência e voltar ao poder. Jamais será esquecido

Pepe Mujica.Créditos: Arquivo
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No início de 2018, o Brasil mergulhava em um de seus períodos mais sombrios. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente e figura central da política latino-americana, era condenado e preso em meio a um processo que se tornaria símbolo mundial do lawfare, o uso do aparato judicial para eliminar adversários políticos. Diante desse cenário de perseguição e isolamento, muitos se afastaram. Mas alguns resistiram ao silêncio. Entre eles, estava o uruguaio José “Pepe” Mujica.

Em junho daquele ano, Mujica cruzou a fronteira e, pessoalmente, foi até a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. O encontro com Lula, ainda que breve, foi marcado por solidariedade e preocupação com os rumos da América Latina. Em meio à tensão política e à repressão judicial, o gesto do ex-presidente do Uruguai rompeu o cerco simbólico imposto a Lula e reafirmou um laço de irmandade ideológica que atravessa fronteiras.

Aliança reforçada nas urnas e nas honrarias

A trajetória conjunta dos dois líderes da esquerda latino-americana seguiu viva. Em 2022, já em plena campanha presidencial, Mujica foi a São Paulo para somar forças à candidatura de Lula. Participando de atos públicos, ele expressou com veemência que a eleição representava não apenas um projeto político, mas um resgate da democracia brasileira.

No fim de 2023, já de volta à Presidência, Lula retribuiu a lealdade do companheiro uruguaio com a mais alta honraria concedida a estrangeiros pelo Brasil: a medalha da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. A condecoração ocorreu em Montevidéu, e foi marcada por emoção. Ao entregar a medalha, Lula não poupou palavras: classificou Mujica como “a pessoa mais extraordinária” entre todos os chefes de Estado que conheceu.

Pepe Mujica faleceu aos 89 anos, nesta terça (13), deixando não apenas um legado político admirado em toda a América Latina, mas também um exemplo de coerência, humildade e solidariedade, valores que, mesmo nos momentos mais difíceis, o aproximaram de Lula e o tornaram uma referência duradoura para gerações futuras.

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