QUE SITUAÇÃO

A fala de Trump que o expôs como humilhado no embate com a China

Ele criou tudo isso, prometeu ser bajulado e respeitado, mas na manhã desta segunda (12) deu uma declaração que soa para o mundo como um fracasso total de seu tarifaço

Créditos: Reprodução redes sociais
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Em uma declaração humilhante, que soou para o mundo como tentativa desesperada de disfarçar um vexame geopolítico, Donald Trump afirmou nesta segunda-feira (12) que os EUA e a China passaram por um “reset completo” em sua relação comercial. A fala, feita na Casa Branca, tenta reverter a percepção de fracasso absoluto do tarifaço promovido por ele mesmo, responsável por inflamar a guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta.

“Vou conversar com o presidente Xi talvez até o fim da semana. Reiniciamos tudo do zero”, disse Trump, como se não tivesse sido o próprio arquiteto da crise que agora tenta contornar.

O chamado “reset” é, na prática, um recuo com ares de rendição. As conversas entre delegações dos dois países em Genebra culminaram em um acordo para reduzir as tarifas que Trump havia imposto unilateralmente. As taxas norte-americanas sobre produtos chineses, que haviam disparado para 145%, serão cortadas para 30% até 14 de maio. A China, por sua vez, baixará as suas tarifas de 125% para 10%.

Trump ainda afirmou que Pequim concordou em eliminar barreiras não monetárias e “abrir completamente a China”, tentando apresentar como conquista aquilo que soa, para analistas e investidores, como uma correção forçada de um erro estratégico cometido pelo próprio ex-presidente.

Alívio para mercados, mas sem apagar os danos

As sinalizações de trégua impulsionaram as bolsas de valores. O índice S&P 500, em Wall Street, subiu 2,5%, e o dólar ganhou força. Mas o clima de alívio que tomou os mercados tem menos a ver com confiança em Trump e mais com o temor de que sua política tarifária pudesse continuar desestabilizando a economia global.

O tarifaço de abril, anunciado por Trump como forma de “repatriar empregos” e turbinar receitas, atingiu dezenas de países. No entanto, diante da reação internacional e da deterioração dos indicadores econômicos, ele recuou, oferecendo 90 dias para a renegociação dos acordos. Um pacto inicial com o Reino Unido já havia frustrado expectativas, revelando-se incompleto e repleto de lacunas.

A reversão das tarifas contra a China é vista por grandes investidores como um passo necessário, mas não celebrado como vitória. Trata-se de um recuo tardio diante dos prejuízos gerados ao comércio internacional e aos consumidores norte-americanos.

A retórica da vitória para encobrir a humilhação

A narrativa de Trump, que tenta pintar a retirada das tarifas como estratégia bem-sucedida, é percebida como tentativa de contornar o desgaste político. Os dados mostram que o comércio entre EUA e China vinha despencando, pressionado por custos mais altos e menor oferta de bens, agravando o risco de uma recessão global.

Para a comunidade internacional, o fim da escalada tarifária representa um fôlego temporário, não uma vitória americana. O gesto foi recebido com alívio, mas também com a clara consciência de que foi Trump quem levou o mundo à beira do colapso comercial, e que agora recua, encenando um triunfo onde houve, na verdade, uma rendição forçada.

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