Nas últimas horas, depois que a Casa Branca anunciou taxação generalizada mínima de 10% sobre todos os seus parceiros comerciais, os internautas se divertiram com o fato de que faz parte da lista um lugar inabitado: as ilhas Heard e McDonald, no oceano Índico.
No território australiano, só vivem pinguins.
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Apesar da galhofa, que transforma o anúncio de Donald Trump numa piada aparentemente inconsequente, o mundo real está em alerta: as tarifas impostas pelos Estados Unidos estão muito acima do esperado, atingindo 54% quando se trata do comércio com a China.
Incertezas sobre o mundo globalizado
Não por acaso, os mercados da Ásia e da Europa entraram em parafuso. As ações da empresa tida como barômetro do comércio internacional, a gigante do transporte marítimo Maersk, perderam 10,3%. As da alemã Adidas recuaram 9,4%. As da Apple recuaram mais de 7% no mercado futuro.
São sinais claros da incerteza de investidores sobre o futuro de empresas que produzem em e servem a distintos mercados.
Analistas à esquerda sustentam que os BRICS, comandados pela China, podem "isolar" os Estados Unidos, fazendo trocas comerciais entre si e a União Europeia que compensem as perdas no mercado estadunidense.
Porém, as cadeias de produção e comércio não são fáceis de mudar, como se troca uma camisa.
Os Estados Unidos representam ainda hoje cerca de 25% do PIB global.
É quase consenso entre economistas que, a curto prazo, o tarifaço de Trump vai provocar inflação e possivelmente recessão nos Estados Unidos.
Uma freada brusca no comércio com a China poderia impactar a própria economia chinesa, motor do crescimento mundial.
Neste quadro, governos que estão no poder e tentarão se reeleger -- como é o caso de Lula, no Brasil -- podem enfrentar uma conjuntura internacional adversa, especialmente em economias baseadas na exportação de commodities.
A piada sobre os pinguins pode, afinal, ter um gosto inesperado e amargo.