LUTO NO CRISTIANISMO

Morte de Francisco: cardeal Reina celebra sufrágio e inicia transição papal; saiba como será

Missa de sufrágio, que dá início ao processo, será celebrada pelo cardeal Baldo Reina, vigário da diocese de Roma. Ritual feito há 800 anos, o conclave será realizado para eleição do sucessor do Papa Francisco.

Papa Francisco e o cardeal Baldo Reina.Créditos: Vatican News
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O Vaticano anunciou nas primeiras horas desta segunda-feira (21), após a morte do Papa Francisco durante a madrugada, que caberá ao cardeal Baldo Reina, vigário da diocese de Roma, dar início ao processo do conclave, ritual que marca a transição papal, quando um novo pontífice deve assumir o comando global da Igreja Católica.

Às 14h, no horário de Brasília, Reina vai presidir a celebração eucarística em sufrágio do Papa Francisco, uma missa que dá início ao processo de transição. 

O ato acontece na Basílica de São João de Latrão, considerada pelos católicos a "mãe de todas as igrejas no mundo" e que é sede do Bispado de Roma. O convite foi divulgado para presbíteros, diáconos e todos os fiéis e o ato deve ser transmitido ao vivo pela TV Vaticano.

Conclave e escolha do novo papa

Nas próximas horas, o Vaticano vai decretar luto de 9 dias. O enterro de Francisco deve ocorrer entre o 4º e 6º dia a partir de sua morte. O papa escolheu ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, uma imponente igreja do século V localizada no coração de Roma, onde sete papas já foram sepultados.

O funeral é organizado pelo camerlengo [título do tesoureiro nomeado da Santa Sé], que está a cargo do cardeal irlandês Kevin Farrell, que também organiza o conclave - palavra que significa "chave" - que escolhe o próximo papa.

O processo eleitoral para a escolha do novo chefe da Igreja Católica remete à época medieval, realizado a cerca de 800 anos.

Cardeais se reunirão no  Vaticano entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa, de onde não poderão sair até a definição do novo nome. Eles se manterão isolados, sem qualquer contato com mídias e outras pessoas fora do processo.

Cerca de 120 cardeais participam do processo eleitoral – no momento, há 252 cardeais em todo o mundo, mas aqueles com mais de 80 anos não têm permissão para votar. Para ser eleito, o cardeal precisa ter dois terços dos votos dos colegas em um processo que pode levar semanas.

Não há definição de nomes ou chapas e nenhum cardeal pode fazer "campanha" - a crença católica é que os religiosos são "guiados pelo Espírito Santo". O afunilamento ocorre de forma natural, com discussões sobre os nomes a partir da primeira votação.

No primeiro dia, os cardeais poderão realizar uma votação inicial na Capela Sistina, onde estão os afrescos de Michelangelo. 

A partir do segundo dia, realizam duas votações todas as manhãs e duas votações todas as tardes na capela, até que os candidatos a papa sejam reduzidos a apenas um.

Os cardeais escrevem o nome do candidato preferido nas cédulas de votação sob as palavras "Eligio in Summum Pontificem", que em latim significa "Eu elejo como Sumo Pontífice". Depois de dois dias, se não houve uma decisão, o terceiro é dedicado à oração e contemplação.

Eles são orientados a não usarem a caligrafia habitual para manter o caráter sigiloso da votação. 

Após a votação as cédulas são queimadas e originam a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina, orientando os fiéis que acompanham pela Praça do Vaticano. 

Caso não haja definição, tinta preta é colocada sinalizando que o processo segue. A fumaça branca indica que um novo papa foi escolhido.

Após a vitória nas urnas, o cardeal vencedor da eleição é indagado se "aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?". Ao responder de forma afirmativa, ele vai escolher o nome pelo qual deseja ser chamado e coloca as vestes oficiais.

Após reverência dos demais cardeiais, que prometem obediência ao novo pontífive, um anúncio é feito na sacada da Basílica de São Pedro para a multidão abaixo, com as palavras "habemus papam", que em latim significa: "Temos um papa".

O nome do novo papa é revelado e ele faz seu primeiro pronunciamento  "urbi et orbi" ["à cidade e ao mundo"] da sacada da Basílica. 
 

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