As autoridades do Reino Unido estão em alerta diante do aumento de homens e meninos jovens radicalizados por conteúdos misóginos na internet, muitos dos quais exploram mulheres e meninas vulneráveis em fóruns sobre transtornos alimentares e pensamentos suicidas. O problema tornou-se tão grave que a Agência Nacional do Crime (NCA) e unidades de contraterrorismo estão unindo forças para combater a ameaça, temendo que esses indivíduos possam avançar para ataques violentos.
Segundo Matt Jukes, chefe de contraterrorismo britânico, uma força-tarefa será criada para monitorar e neutralizar esses grupos. O foco estará em usuários que consomem materiais sobre assassinatos, abuso sexual e planos para ataques em massa, como tiroteios em escolas.
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Além disso, há preocupação com a forma como esses jovens incentivam comportamentos autodestrutivos em mulheres, muitas vezes visando vítimas em espaços digitais dedicados a questões sensíveis.
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Investigadores destacam ainda que essas comunidades virtuais, formadas majoritariamente por homens jovens, operam como redes organizadas, promovendo desde assédio digital até invasões de sistemas. Estima-se que centenas de integrantes estejam ativos no Reino Unido, muitos deles infiltrando-se em fóruns de apoio a pessoas frágeis para ganhar controle sobre elas. A motivação principal, segundo as autoridades, é o desejo de reconhecimento dentro desses grupos extremistas.
O crescimento dessas redes é exponencial: entre 2022 e 2024, o número de participantes sextuplicou, indicando uma rápida disseminação de ideologias violentas entre jovens. James Babbage, diretor-geral da NCA, explica que esses espaços oferecem uma sensação de pertencimento a indivíduos isolados, reforçando crenças perigosas e incentivando ações cada vez mais agressivas.
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Erika Hilton aciona MPF contra o TikTok
Nesta semana, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou o Ministério Público Federal contra o TikTok, alegando que a plataforma induz jovens a consumir conteúdos misóginos e contra minorias. Hilton solicita uma investigação sobre o algoritmo da rede social e pede a interrupção imediata do direcionamento desses conteúdos discriminatórios, que teriam sido identificados em um estudo que monitora perfis de adolescentes.
O estudo revelou que, ao longo de dois meses, jovens expostos ao algoritmo da plataforma começaram a receber recomendações que promovem discursos de ódio, incluindo ideais de masculinidade tóxica e submissão feminina. Hilton argumenta que essa exposição contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente e viola a Lei Geral de Proteção de Dados.