FILIPINAS

Rodrigo Duterte, o "Bolsonaro filipino", é preso por crimes contra a humanidade; entenda

Ex-presidente do arquipélago vai para Haia depois de mandado de prisão por massacres

Rodrigo Duterte
Rodrigo Duterte Créditos: Reprodução
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Nesta terça-feira (11), o ex-presidente das Filipinas Rodrigo Duterte, extremista de direita que ficou conhecido como "Bolsonaro filipino", foi detido no Aeroporto de Manila sob um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI).

A detenção, relacionada a acusações de crimes contra a humanidade durante sua "guerra às drogas", marca um momento histórico na busca por justiça internacional e reacende debates sobre impunidade e direitos humanos no país.

As acusações contra Duterte

Segundo o TPI, Duterte comandou execuções extrajudiciais sistemáticas durante sua campanha de guerras às drogas. Os massacres deixaram entre 6 mil (dados oficiais) e 30 mil mortos (estimativas de entidades de direitos humanos).

Vítimas incluíam menores de idade e eram frequentemente alvejadas por "esquadrões da morte" ligados a agentes do Estado.

O TPI iniciou investigações em 2018, mas em 2019, Duterte retirou as Filipinas do Estatuto de Roma, tratado que institui o tribunal. A corte, porém, manteve jurisdição sobre crimes cometidos antes da saída do país da entidade.

Ele foi detido ao desembarcar de um voo proveniente de Hong Kong, onde participava de comícios para as eleições legislativas de 12 de maio, nas quais planejava conceder novamente à prefeitura de Davao, cidade que governou antes da presidência (2016–2022).

A Coalizão Internacional pelos Direitos Humanos nas Filipinas (ICHRP) destacou: "O arco do universo moral é longo, mas hoje se inclinou para a justiça".

A política atual

O atual presidente, Ferdinand Marcos Jr., inicialmente resistiu à cooperação com o Tribunal Penal Internacional. A vice-presidenta do país, Sara Duterte, é filha do detido.

A questão agora é se o governo Marcos, também de extrema direita, permitirá a extradição do acusado de crimes contra a humanidade.

Conhecido por discursos misóginos, ameaças a ativistas e glorificação da violência, Duterte tornou-se um símbolo do populismo autoritário, comparado a figuras como Bolsonaro.

Sua prisão não só reabre feridas nas Filipinas, mas também testa os mecanismos de responsabilização global. Se julgado, será o primeiro ex-chefe de estado asiático condenado pelo Tribunal Penal Internacional.

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