MUDOU TUDO

Reviravolta: Laudo inocenta enfermeira condenada por matar 7 bebês

Ela recebeu 15 penas de prisão perpétua e foi rotulada como “serial killer”, tendo ainda tentado matar outros 8 recém-nascidos. Só que agora tudo mudou

Lucy Letby sendo presa, em 2018, após supostos assassinatos de bebês terem vindo à tona.Créditos: Câmera corporal de agente da Polícia de Manchester/Reprodução
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O Reino Unido foi sacudido na última década por uma história macabra. Durante os anos de 2015 e 2016, a enfermeira Lucy Letby, que trabalhava no Hospital Condessa de Chester, em Manchester, teria matado sete bebê e tentado tirar a vida de outros oito, de forma deliberada. Segundo a investigação, a profissional injetava ar, dava doses de insulina ou força alimentação de maneira exagerada para que as crianças tivessem uma parada cardiorrespiratória e ela então os ressuscitasse por meio de manobras.

O caso gerou uma repercussão estrondosa no mundo, levou a um julgamento super midiático, durante o qual a polícia de Manchester precisou empregar até 70 agentes para manter a segurança das sessões e da ré, e resultou em 15 condenações de prisão perpétua, numa sentença proclamada em 2023.

Agora, quase dois anos após a condenação, um laudo técnico afirma que Lucy jamais cometeu os crimes e que as informações periciais contidas no processo simplesmente seriam errôneas. O documento foi elaborado por um comitê formado por médicos neonatologistas, que diz expressamente que a análise atual “traz significativas novas evidências médicas” de que a enfermeira não teve qualquer relação com o falecimento dos bebês, que teriam sido vítimas de “maus cuidados médicos”.

O neonatologista Shoo Lee, que é canadense e liderou o comitê, afirma que as periciais foram realizadas por esse mesmo colegiado, à época do chocante caso, mas que seus resultados teriam sido mal utilizados ou interpretados pela promotoria na hora da acusação. Segundo ele, nada do que foi relatado concluía que as ações teriam sido praticadas de forma proposital pela enfermeira Lucy Letby.

“Não encontramos nenhum assassinato. Em todos os casos, a morte ou os ferimentos foram considerados causas naturais ou apenas cuidados médicos inadequados”, explicou Lee. A conclusão de uma pesquisa sobre o caso conduzida pelo médico, que é professor doutor, a respeito de “embolias gasosas” sofridas pelas vítimas, teria tido peso na condenação de Lucy, mas tal interpretação estaria equivocada.

Quem também se pronunciou foi a professora doutora Neena Modi, integrante do comitê e ex-presidente do Colégio Real de Saúde Infantil e Pediátrica, uma das maiores especialistas do ramo no Reino Unido. Ela disse que em nenhum momento a análise apresentada anteriormente culpava a enfermeira então suspeita.

“Há razões muito, muito plausíveis para as mortes desses bebês... [É possível dizer que eles estavam] no lugar errado, nascimento no lugar errado, diagnóstico tardio e tratamento inadequado ou ausente”, afirmou Neena Modi numa coletiva de imprensa.

Os advogados de Lucy Letby, que hoje tem 35 anos, já informaram que levarão o documento e a manifestação técnica dos profissionais responsáveis pelo estudo à chamada Comissão de Revisão de Casos Criminais (CCRC), órgão que deve ser acionado quando há um possível erro da Justiça, já que todas as instâncias de apelação já foram esgotadas.

Se de fato ficar comprovado que não há dados técnicos que confirmem a ação deliberada da enfermeira, ela pode ter as penas de prisão perpétua retiradas e ganhar a liberdade. Não há prazo para a análise do recurso apresentado pela defesa da condenada.

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