O diário conservador Wall Street Journal, representante do mercado nos Estados Unidos, em uma série de editoriais mandou Donald Trump baixar a bola em sua disputa com os vizinhos México e Canadá.
Num editorial intitulado "A guerra comercial mais estúpida da História", o jornal escreveu:
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"O presidente Trump vai disparar sua primeira salva de tarifas no sábado [1] contra esses notórios adversários americanos. . . México e Canadá. Eles serão atingidos por taxação de 25%, enquanto a China, um verdadeiro adversário, enfrentará 10%. Isso nos lembra da velha piada de Bernard Lewis de que é arriscado ser inimigo dos Estados Unidos, mas pode ser fatal ser seu amigo".
Trump bateu de volta, acusando o diário de fazer parte do lobby anti-tarifário:
"O Lobby Anti-Tarifário, liderado pelo Globalista -- e sempre errado -- Wall Street Journal, está trabalhando duro para justificar países como Canadá, México, China e muitos outros continuarem o ASSALTO DA AMÉRICA, de décadas, no que diz respeito ao COMÉRCIO, CRIME E DROGAS VENENOSAS, que são permitidas fluir tão livremente para a América".
Eventualmente, as tarifas e contra-tarifas foram pausadas por 30 dias.
Inflação e desemprego
O jornal, que é lido por todos os líderes empresariais dos EUA e pelos corretores e analistas de Wall Street, bateu de volta, dizendo que é contra tarifas por uma razão: elas ameaçam empregos e os preços dos produtos comprados por estadunidenses.
Em novo editorial, afirmou:
O senhor Trump quer que os trabalhadores e empregadores estadunidenses paguem a conta em defesa de seu time. Esperamos que você não perca seu emprego ou negócio antes que a idade de ouro chegue.
Ao assumir, o republicano afirmou que a Idade de Ouro dos EUA havia chegado.
Intérprete dos humores do mercado, o Wall Street Journal encerrou o segundo editorial dizendo que o título de "guerra comercial mais estúpida da História" era muito leve para descrever o que está acontecendo.
Hoje, voltou à carga, dizendo que Trump "piscou" no confronto com os vizinhos: às custas de derrubar os mercados e causar instabilidade, ele não teria ganhado absolutamente nada.
Lembrou o óbvio: tanto a entrada de imigrantes ilegais quanto as apreensões de fentanil estão em queda nas fronteiras dos EUA, apesar da fértil imaginação de Trump dizer o contrário.
Soldados e "czar"
Do México, Trump "arrancou" a colocação de 10 mil soldados numa fronteira de 3 mil quilômetros. Do Canadá, a nomeação de um "czar do fentanil".
O ocupante da Casa Branca provoca um circo por dia, com o objetivo de agradar a base do MAGA, seu movimento de extrema-direita cuja franja mais radical é abertamente racista, xenofóbica e atribui todos os problemas dos EUA a terceiros.
Apesar de ter arrastado bilionários para seu lado, os homens do dinheiro em Wall Street estão claramente descontentes.
Os planejadores das empresas estão em polvorosa porque as cadeias produtivas dos EUA, México e Canadá estão intimamente interligadas e não é fácil acompanhar os humores de Trump.
O novo ocupante da Casa Branca trouxe incerteza para os negócios, o que o mercado em geral abomina -- o Wall Street Journal apenas vocaliza a opinião dos endinheirados, que não se pronunciam publicamente por medo de represálias.
