Tentando evitar danos às economias locais e confrontação com os Estados Unidos, Panamá e México cederam nas últimas horas à "diplomacia do berro" de Donald Trump.
O republicano, por sua vez, demonstrou flexibilidade, ao perceber que um desastre poderia acontecer na bolsa de Nova York, onde o índice Dow Jones chegou a perder 665 pontos nesta segunda-feira, 3.
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A presidente Claudia Sheinbaum, depois de uma conversa telefônica que descreveu como "boa" com Trump, anunciou que a imposição de tarifas de 25% sobre produtos mexicanos está suspensa por um mês.
Ela vai enviar dez mil soldados à fronteira Norte do México, em tese para controlar o tráfico de drogas, especialmente do anestésico fentanil.
No passado, Sheinbaum afirmou que o problema do fentanil era eminentemente dos Estados Unidos, onde milhares de mortes por overdose são registradas anualmente.
Uma campanha para esclarecer a população sobre a droga foi lançada no México, mas em janeiro a presidente havia dito que eram inexistentes registros da entrada de precursores para a produção de fentanil em território mexicano, originários da Ásia:
Os laboratórios que foram desmantelados no México são para a produção de metanfetamina e cristal [meth].
Bolsas, o termômetro de Trump
A decisão de Trump de taxar em 25% produtos do Canadá e do México e em 10% uma lista de importados da China provocou queda nas bolsas de valores de todo o mundo.
O índice Dow Jones chegou a perder 665 pontos hoje, mas se recuperou rapidamente depois do anúncio do acordo.
Trump é extremamente sensível às variações da Bolsa, termômetro que utiliza para medir seu sucesso.
Depois da imposição de tarifas, o ocupante da Casa Branca passou a ser bombardeado pela oposição democrata num tema sensível: a inflação.
Dirigentes de entidades empresariais fizeram coro com economistas de que as tarifas de Trump vão aumentar os preços para os consumidores estadunidenses.
É a primeira vez que um ocupante da Casa Branca impõe tarifas para obter concessões políticas, não necessariamente econômicas.
No Canadá, usando um boné azul com as palavras "O Canadá não está à venda", o primeiro-ministro de Ontario, Doug Ford, anunciou o rompimento de um contrato de U$ 68 milhões com a empresa de Elon Musk, a Starlink, em retaliação às tarifas de Trump contra seu país.
Diplomacia de canhoneira vence no Panamá
A "diplomacia de canhoneira" de Trump estreou oficialmente no Panamá, onde o secretário de Estado Marco Rubio e o presidente José Raúl Mulino apresentaram versões completamente distintas sobre o encontro que tiveram no domingo, 2.
Horas depois do encontro, Mulino informou que não será renovada a carta de intenções pela qual o Panamá entraria na Nova Rota da Seda, iniciativa chinesa de infraestrutura.
Além disso, a empresa Hutchison Ports PPC, baseada em Hong Kong, que opera os portos de Cristobal e Balboa, está sendo auditada e pode perder as concessões.
A viagem de Rubio faz parte de um primeiro tour pela América Central e o Caribe. Os principais objetivos são forçar os países visitados a receber imigrantes deportados dos EUA e reduzir a influência chinesa no que Washington considera seu "quintal".