MONSTRO

Começa o julgamento do maior caso de pedofilia da história

Com quase 300 crianças vítimas de estupros, crimes do cirurgião Joel Le Scouarnec foram descobertos porque ele anotava o nome de cada menor e os detalhes do que havia feito

O cirurgião pedófilo Joel Le Scouarnec.Créditos: YouTube/Reprodução
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Joel Le Scouarnec, que hoje tem 74 anos, é um cirurgião pediátrico que por décadas atendeu em diversas cidades da França. Na maior parte da vida ele atuou profissionalmente na Bretanha e foi justamente lá que o agora ancião cometeu as maiores atrocidades. Pelo menos 299 crianças foram estupradas por ele entre os anos de 1989 e 2014, a maior parte enquanto estavam anestesiadas.

Antes de se chegar ao escândalo que é considerado talvez o maior caso de pedofilia da história, é necessário salientar que Le Scouarnec já “dava pistas”. Na verdade, já cometia crimes do tipo, mas acabou por se safar porque vários organismos públicos e autoridades “passaram um pano” para o cirurgião.

Em 2004, ele foi detido com centenas de imagens de pedofilia, o que levou a uma branda condenação a quatro meses de prisão no ano seguinte. Nenhum tipo de registro de sua conduta passou a constar em seu prontuário profissional, o que fez com que o médico seguisse trabalhando, pulando de cidade em cidade, sem que ninguém soubesse de seu passado.

Já no ano de 2006, o órgão francês equivalente ao Conselho Federal de Medicina no Brasil decidiu que sua condenação por deter pornografia infantil não era condição para suspender seu registro, muito menos para impedir o exercício da atividade profissional por parte de Le Scouarnec. Diante disso, o médico seguiria ainda por mais oito anos fazendo centenas de vítimas.

Só que a sorte de Le Scouarnec terminou em 2017. Uma vizinha sua, que tinha uma filha de seis anos, chamou o médico para atender a criança. Quando ele saiu da casa da mulher, a criança contou à mãe que o cirurgião tinha se masturbado na frente dela e a penetrado com os dedos. Na mesma hora a genitora foi à polícia e o denunciou.

Quando os policiais chegaram à casa de Le Scouarnec munidos de um mandado de buscas, o que foi encontrado no imóvel assustou a todos. Coleções de bonecas, ferramentas usadas em fetiches sexuais e milhares de arquivos com pornografia infantil estavam por todos os lados. Porém, o mais assombroso foi um diário grande, repleto de anotações.

O médico pedófilo registrava meticulosamente, com data, hora, local, nome e idade cada uma de suas 299 vítimas de estupro. Para além disso, narrava detalhadamente cada ato horrendo que cometia e suas sensações de prazer. Havia páginas em que o cirurgião se confessava “pedófilo”, “voyeur”, “escatófilo” (aquele que tem prazer com fezes e urina”, entre outros adjetivos.

Três anos depois, em 2020, ele recebeu uma condenação de 15 anos de prisão por quatro episódios de estupro comprovados em seus registros. Mas as autoridades policiais e judiciais da França consideraram que era possível identificar praticamente todas as quase três centenas de vítimas e realizar um julgamento muito mais amplo e com uma sentença muito mais dura.

Agora, no final de fevereiro de 2025, uma multidão de jornalistas se aglomera na porta do fórum da cidade de Vannes, na Bretanho, onde Le Scouarnec está sendo julgado. De acordo com especialistas da área do direito na França, todo o processo deve durar quatro meses, quando finalmente o veredicto será lido. Para quase todo mundo, um fato é certo: o cirurgião pedófilo passará o resto da vida na cadeia.

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