ARQUEOLOGIA

Moeda romana de dois milênios revela rituais e santuário em "Caverna das mulheres", na Espanha

Pesquisadores da Universidade de Alicante e da Universidade de Zaragoza, na Espanha, investigaram a caverna, "a 200 metros de profundidade", e descobriram um "santuário romano" em que havia pelo menos quinze inscrições e uma moeda da época do Imperador Cláudio; veja

Amostras da Caverna das Mulheres.Créditos: Redondo et. al
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A Cova de les Dones, ou "Caverna das Mulheres", em tradução livre, famoso sítio arqueológico de Valência, na Espanha, e considerado um dos maiores santuários de arte paleolítica da Península Ibérica (que abriga manifestações artísticas dos humanos antigos, correspondentes ao período que se estende de cerca de 2,5 milhões de anos atrás até 10.000 a.C.), revelou, mais recentemente, uma descoberta fascinante, descrita em um comunicado da Universidade de Alicante, de 30 de janeiro. 

Pesquisadores da Universidade de Alicante e da Universidade de Zaragoza, na Espanha, investigaram a caverna, "a 200 metros de profundidade", e descobriram um "santuário romano" em que havia pelo menos quinze espécies de inscrições do período romano, acompanhadas por uma incrível evidência material: uma moeda da época do Imperador Cláudio (o quarto imperador da dinasdia júlio-claudiana, que governou de 41 a 54 d.C., tio de Calígula), provavelmente depositada ali "como oferenda", entre uma fissura e uma estalactite no teto da sala, informam as instituições. 

Moedas romanas descobertas na "Caverna das Mulheres". Créditos: Museu de Pré-História de Valência

A descoberta foi datada do século 1 d.C., e "junta-se à [descoberta] publicada na revista britânica Antiquity, em 2023, quando os pesquisadores encontraram mais de uma centena de pinturas rupestres". 

Nas descobertas de 2023, foram identificadas pelo menos 19 representações de animais, entre corças, cavalos, auroques e um veado, feitas nas paredes rochosas da caverna com barro e argila.

"Animais e sinais foram retratados simplesmente arrastando os dedos e as palmas das mãos cobertas de argila nas paredes. As 'pinturas' secavam lentamente, evitando que partes da argila descamarem e caíssem rapidamente, enquanto outras partes eram cobertas por camadas de calcita, que preservaram até hoje", explica o especialista em Arte Pré-histórica, Aitor Ruiz-Redondo, ao La Vanguardia.

Agora, a nova descoberta inclui, além da moeda romana da época de Cláudio, 15 inscrições provavelmente feitas pelos habitantes da região há quase dois mil anos, quando era tomada por romanos. Aquela caverna indica ser, além disso, um santuário, usado pelos romanos para suas atividades espirituais. 

A Caverna das Mulheres foi classificada desde a década de 1960 como um santuário ibérico a abrigar evidências abundantes da Idade do Ferro, principalmente itens de cerâmica, de acordo com a Universidade de Alicante.

No entanto, seu processo de investigação e recuperação ainda é inicial (estima-se que tenha sido apenas 20% realizado), já que apenas a área correspondente aos reminiscentes do Paleolítico foi estudada em detalhes até agora.

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