Os incêndios florestais que assolaram Pacific Palisades, em Los Angeles, viraram de cabeça para baixo a vida de milhares de pessoas, incluindo celebridades como Mark Hamill, Mandy Moore, Tom Hanks e James Woods. As chamas, impulsionadas por fortes ventos, avançaram rapidamente, destruindo casas e forçando uma evacuação em massa. Bombeiros seguem lutando para conter as chamas e proteger as comunidades afetadas, enquanto a população local busca abrigo e tenta salvar o que pode.
Estrelas do cinema têm acesso a deslocamentos temporários para áreas seguras e recursos que facilitam uma recuperação mais ágil. Já as famílias de baixa renda, muitas vezes sem essas redes de apoio, enfrentam dificuldades muito maiores. Vivendo em regiões mais vulneráveis a incêndios, geralmente por conta de moradias mais acessíveis nas zonas de transição entre cidade e campo, para esses moradores, reconstruir após um incêndio é não apenas desafiador, mas quase inviável.
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Menos de 72 horas antes, as principais estrelas de Hollywood estavam no tapete vermelho do Globo de Ouro, o primeiro grande evento de uma temporada de premiações que parecia promissora. As estreias de produções como "Better Man" e "The Last Showgirl" foram canceladas, as indicações ao Screen Actors Guild (SAG) foram divulgadas por meio de um comunicado à imprensa, sem transmissão ao vivo, e eventos do final de semana, como o prêmio AFI, foram cancelados de maneira preventiva.
Pacific Palisades, uma área em encosta à beira-mar repleta de residências de celebridades, ganhou fama graças à canção "Surfin' USA" dos Beach Boys, de 1960. Na corrida para alcançar um refúgio seguro, as estradas se tornaram intransitáveis, com muitas pessoas deixando seus carros e fugindo a pé, algumas carregando as próprias malas, segundo o jornal Los Angeles Times.
Jamie Lee Curtis compartilhou em seu perfil no Instagram que sua família está segura, mas indicou que seu bairro, e possivelmente sua residência, estão sendo consumidos pelas chamas. Ela mencionou que muitos de seus amigos perderam suas casas no incêndio. “É uma situação aterrorizante, e sou imensamente grata aos bombeiros e a todos que estão ajudando as pessoas a se afastarem do fogo”, declarou.
Entre outras celebridades que possuem propriedades na mesma área estão Adam Sandler, Ben Affleck, Tom Hanks e Steven Spielberg. Mandy Moore contou que sua família também foi evacuada e, desde então, ela tem tentado proteger seus filhos da “imensa tristeza e preocupação”.
“Estou arrasada com a destruição e a perda”, ela escreveu em uma publicação do story. “Não sei se nosso lugar se sustentou.” Woods compartilhou, na terça-feira, imagens de chamas consumindo arbustos e se espalhando por palmeiras em uma colina próxima à sua casa. “Parada na minha garagem, me preparando para evacuar”, disse Woods em um vídeo.
O ator Mark Hamill também foi forçado a deixar sua residência. Em suas redes sociais, ele comentou sobre a proximidade das chamas e expressou tristeza, afirmando que este é o incêndio mais devastador na região desde 1993.
Fernanda Torres em L.A.
Durante sua estadia em Los Angeles para divulgar "Ainda Estou Aqui", Fernanda Torres postou uma foto impressionante dos incêndios na região. "Da minha janela, vejo Los Angeles em chamas", escreveu a atriz, que, no domingo (5), foi premiada como Melhor Atriz em filme de drama no Globo de Ouro.
Na terça-feira (7), uma exibição de "Ainda Estou Aqui", marcada em Los Angeles, foi cancelada. O evento seria conduzido por Guillermo del Toro e contaria com Fernanda e o diretor Walter Salles para uma sessão de perguntas e respostas com o público. A entrevista com Jimmy Kimmel também foi cancelada devidos aos incêndios.
Incêndios deixam 5 mortos e 100 mil desabrigados
Os EUA vivem um drama neste momento, que se agravou no fim da tarde desta quarta-feira (8) no horário local, o que fez com que o presidente Joe Biden decretasse “situação de grande desastre” na Califórnia por conta dos incêndios descontrolados que varrem a costa oeste do país. O estado mais rico da nação está em emergência máxima e o ocupante da Casa Branca determinou o envio de dezenas de helicópteros e aviões-tanque para tentar conter as chamas que incineram tudo que encontram pela frente.
Na região de Los Angeles, a segunda maior cidade dos EUA, o fogo já destruiu mais de 1.100 imóveis, deixou cinco mortos e fez com que mais de 100 mil pessoas fossem tiradas de suas casas. As autoridades atualizaram na última hora o número de habitantes sem energia elétrica na Califórnia e a cifra já chega a 1,5 milhão.
Cientistas afirmaram que os incêndios florestais causados pelos ventos, que estão devastando a paisagem árida de Los Angeles, representam um novo capítulo nos fenômenos climáticos extremos, que provavelmente se intensificarão à medida que as temperaturas globais continuem a aumentar.
IMAGENS: A dimensão dos incêndios em Los Angeles
'Ondas de montanha'
Os especialistas em meteorologia alertaram que o evento “deve ser a tempestade de vento mais devastadora desde a tempestade de 2011, que causou danos significativos em Pasadena e nas regiões próximas ao Vale de San Gabriel.”
“As mudanças climáticas estão remodelando os regimes — os padrões característicos de incêndios florestais na região”, declarou Kimberley Simpson, da Escola de Biociências da Universidade de Sheffield.
Los Angeles, situada em uma região desértica do sul da Califórnia, está acostumada a ventos fortes e clima quente e seco, com os famosos ventos de Santa Ana soprando frequentemente pela região em direção à costa.
Durante o inverno seco, é comum o surgimento de ventos rápidos, explicou Brent Walker, do Met Office do Reino Unido. No entanto, o fenômeno atmosférico que está alimentando os incêndios em Los Angeles não é o típico vento de Santa Ana. Em vez disso, ventos excepcionalmente fortes estão vindo atrás de um sistema de tempestade com formato peculiar sobre o vale inferior do Rio Colorado, sendo intensificados pelo que os cientistas chamam de “onda de montanha”.
Esse fenômeno ocorre quando há certas condições de temperatura acima de uma cadeia montanhosa, e ventos específicos passam sbre essas montanhas.
“Quando essas condições se alinham perfeitamente, o fenômeno se comporta exatamente como uma onda no oceano, quando os ventos fluem sobre as montanhas e depois se chocam do outro lado”, afirmou o cientista Paul Schlatter, do Serviço Nacional de Meteorologia em Boulder, no Colorado. “Apenas a força desses ventos (do sistema de tempestades) e um pouco do aumento da onda da montanha é o que realmente está alimentando esses incêndios”, comentou Schlatter.