GROENLÂNDIA

Depois de chamada "horrível", Dinamarca teme ação militar de Trump

Trump está falando sério, diferentemente do que imaginavam comentaristas

A base já existe.Os EUA já controlam uma base aérea na Groenlândia, de onde facilmente controlariam o território.Créditos: Wikipedia
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A revelação, pelo diário britânico Financial Times, de uma chamada telefônica "horrível" de Donald Trump para a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, provocou crise em Copenhague e temor de eventual ação militar futura dos Estados Unidos para tomar a Groenlândia.

Scott Ritter, o ex-inspetor de armas das Nações Unidas que é autor de livros e blogueiro, comentou no X: 

"Neste momento, ou a Dinamarca envia seus militares para assumir o controle da Base Espacial de Pituffik, citando o seu direito ao Artigo 51 de autodefesa preventiva -- solicitando uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para responder à ameaça iminente representada pelos EUA em seu território -- e solicita consultas imediatas sobre o Artigo 4 com seus aliados da OTAN, ou oferece sua rendição".

A base à qual se refere Ritter fica na Groenlândia e é a mais próxima que os Estados Unidos mantém do Ártico, de onde monitora vias marítimas e o espaço aéreo da Rússia.

O artigo 51 da Carta das Nações Unidas reconhece o direito à auto-defesa. O artigo 4 da aliança militar do Ocidente, a OTAN, abre consultas entre os integrantes sobre ameaças a um dos membros.

O Financial Times descreveu a conversa telefônica depois de ouvir várias fontes que tiveram acesso aos detalhes.

Uma delas contou: 

Ele [Trump] foi muito firme. Foi um banho de água fria. Antes era difícil levar isso a sério. Mas acho que é sério e potencialmente muito perigoso.

Segundo uma ex-autoridade dinamarquesa, Trump ameaçou com a aplicação de tarifas que afetariam exportações específicas da Dinamarca para o mercado estadunidense.

A primeira-ministra, por sua vez, manteve a postura de que a Groenlândia não está à venda.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA já afirmou:

O presidente Trump deixou claro que a segurança da Groenlândia é importante para os Estados Unidos,  já que a China e a Rússia fazem investimentos significativos em toda a região do Ártico. 

Em busca da independência

A Groenlândia tem seu próprio primeiro-ministro e relativa autonomia em relação à Dinamarca. Existe um forte movimento pela independência.

O líder local, Múte Egede, disse que está tentando marcar um encontro com Trump:

O povo da Groenlândia deve deixar claro que não tem nada a ver com isso. Não queremos ser dinamarqueses. Não queremos ser estadunidenses.

Com apenas 53 mil habitantes, a Groenlândia tem importantes depósitos de petróleo, ouro, prata, chumbo, cobre, zinco, tungstênio, molibdênio e terras raras.

Trump tem como um de seus ídolos o ex-presidente William McKinley, um fã tanto da aplicação de tarifas como do poder naval. Foi ele quem comandou a guerra em que os EUA tomaram da Espanha os territórios de Cuba, Porto Rico, Guam e Filipinas.

Depois da ligação de Trump, que durou 45 minutos, a primeira-ministra se reuniu com executivos de duas empresas da Dinamarca que podem ser alvo de tarifas dos EUA, a cervejaria Carlsberg e a farmacêutica Novo Nordisk.

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