RELAÇÕES EXTERIORES

O que Lula e Claudia Sheinbaum, presidenta do México, falaram sobre Trump em telefonema

Conversa entre os mandatários das duas maiores economias da América Latina ocorre logo após provocações do novo presidente dos EUA

O presidente Lula e a presidenta mexicana Claudia Sheinbaum.Créditos: Ricardo Stuckert
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou, na noite desta quinta-feira (23), para a presidenta do México, Claudia Sheinbaum. Líderes das duas maiores economias da América Latina, Lula e Sheinbaum falaram sobre fortalecimento de parcerias entre os seus países. 

O telefonema entre os dois mandatários ocorreu em meio às provocações que o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem fazendo ao México. Logo após sua posse, Trump anunciou uma série de propostas polêmicas e perversas relacionadas a políticas migratórias, comerciais e de segurança que podem interferir diretamente na soberania mexicana. 

Segundo o Palácio do Planalto, Lula e Sheinbaum "reafirmaram o propósito de cultivar relações produtivas com todos os países das Américas, incluindo a nova administração dos Estados Unidos, a fim de manter a paz, fortalecer a democracia e promover o desenvolvimento da região". 

O governo brasileiro informa, ainda, que Lula e a presidenta mexicana "ressaltaram a importância do fortalecimento de foros como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e acordaram manter canais de contato regulares para ampliar a coordenação entre Brasil e México". 

"Convidei a Presidenta do México para uma visita de Estado ao Brasil, para darmos impulso adicional ao excelente momento do relacionamento bilateral entre nossos países", anunciou Lula através das redes sociais. 

Claudia Sheinbaum, por sua vez, agradeceu ao presidente brasileiro pelo telefonema: "Obrigada ao presidente Lula pela sua ligação. Fortaleceremos as relações culturais e educacionais com a república irmã do Brasil". 

Claudia Sheinbaum reage às provocações de Trump 

A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, reagiu com firmeza às declarações e medidas anunciadas pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu primeiro dia de retorno à Casa Branca.

Durante sua coletiva diária na última terça-feira (21), Sheinbaum garantiu que a soberania mexicana será preservada diante das polêmicas propostas do governo americano, que incluem novas políticas migratórias, comerciais e de segurança.

"Que o povo do México tenha a certeza de que sempre vamos defender nossa soberania e nossa independência. Isso é um princípio máximo que a presidenta tem que cumprir", declarou a mandatária.

Trump anunciou um decreto que declara emergência na fronteira sul dos Estados Unidos, retomando uma política implementada em 2019. Entre as medidas está a proibição de que imigrantes permaneçam em solo americano enquanto aguardam a tramitação de seus pedidos de asilo.

"Somos um governo humanitário. Se há pessoas na fronteira, como agora, que faz tanto frio, não vamos deixá-las à intempérie. Buscamos a repatriação aos seus países quando são estrangeiros", explicou Sheinbaum.

Outro ponto controverso foi o decreto de Trump para renomear o Golfo do México como "Golfo da América". A presidenta mexicana minimizou a medida, ressaltando que ela é aplicável apenas à plataforma continental americana. "Para nós e para o mundo inteiro, segue sendo Golfo do México. É importante agir com base no que está escrito", afirmou.

Trump também anunciou que designará os cartéis mexicanos como organizações terroristas estrangeiras, utilizando o “Alien Enemies Act” de 1798 para mobilizar forças federais contra gangues estrangeiras em solo americano. A medida pode abrir precedentes para intervenções militares na fronteira e representa uma provocação ao governo mexicano.

Sheinbaum reafirmou a soberania do México:

"Coordenamo-nos, mas somos um país independente, livre e soberano. Eles podem atuar em seu território, mas aqui seguimos nossas próprias leis."

Por fim, Trump propôs a imposição de tarifas de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses, algo que representa uma afronta ao Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC). Sheinbaum destacou que o acordo prevê revisões em 2026, mas enfatizou que quaisquer mudanças unilaterais violariam os termos vigentes.

"Estamos atentos às ameaças, mas continuamos a trabalhar pela prosperidade econômica e pela defesa dos interesses do México no cenário internacional", assegurou.

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