O deputado português Miguel Arruda, do partido de extrema direita Chega, que emula e venera o bolsonarismo e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), tornou-se o centro das atenções no pequeno país europeu esta semana após ser alvo de uma operação da Polícia de Segurança Pública (PSP), que o acusa de roubar malas das esteiras dos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada, nos Ações, arquipélago sob soberania lusa localizado no Oceano Atlântico, por onde ele é eleito.
Nesta tarde (23), o parlamentar anunciou que está deixando a legenda extremista e que passará a atuar como deputando independente (sem vínculos partidários), após uma reunião com o líder do Chega, o também deputado André Ventura, que gosta de ser referido como “o Bolsonaro português”. Ventura ficou irado com o colega de bancada e sobretudo pelo caso ter colocado abaixo o discurso moralista da agremiação reacionária, que virou motivo de piadas dentro e fora de Portugal.
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Para piorar tudo, Arruda assumiu aos policiais que realmente cometia os furtos, já que não teria como negar as imagens dos circuitos de vigilância dos aeroportos Humberto Delgado (Lisboa) e Papa João Paulo II (em Ponta Delgada, nos Açores), que o flagraram. O material está em posse da Divisão de Investigação Criminal do Comando Metropolitano da PSP, com sede em Lisboa, embora o deputado não esteja oficialmente figurando como investigado ou indiciado por conta de sua imunidade parlamentar, que poderá ser suspensa pela Assembleia da República ou por ele próprio, a pedido. Mesmo sendo impedido legalmente de ser interrogado por sua prerrogativa de foro, ele preferiu falar por livre e espontânea vontade, de maneira informal, com os agentes da PSP e confessou tudo.
A história ganhou contornos de programa humorístico desde quarta-feira (23) quando detalhes do caso vieram à tona. Nas buscas realizadas pela PSP nos imóveis residenciais do parlamentar em Lisboa e Ponta Delgada, dezenas de malas foram encontradas. Mas a coisa se tornaria ainda mais cômica: o gabinete de Arruda na Assembleia da República também guardava dezenas dessas bagagens, vazias.
E por falar em malas vazias, os policiais descobriram pelas imagens que o deputado levava uma mala bem grande vazia durante as viagens para colocar dentro delas as malas menores que roubava. Ele as pegava das esteiras, levava aos banheiros dos aeroportos e as guardava dentro da maior, que previamente vinha desocupada.
Mas não pense que a coisa para por aí. Deputados de diferentes partidos, sem se identificarem, deram entrevistas a veículos da imprensa portuguesa contando que sempre achavam muito estranho o fato de Arruda andar para cima e para baixo na Assembleia com uma mala muito grande. O tempo todo ele era visto arrastando essas bagagens de rodinha, o que não é algo natural ou comum num ambiente daqueles.