A prefeitura de uma pequena cidade italiana do sul do país proibiu os habitantes locais de ficarem gravemente doentes.
Uma portaria do prefeito de Belcastro, Antonio Torchia, instrui os moradores do município a “evitar contrair qualquer doença e patologia que requeira intervenção médica” e a não se envolver em acidentes ou se envolver em situações que possam colocar sua saúde em risco.
É pedido ainda à população “que não tenha comportamentos que possam ser prejudiciais e evite acidentes domésticos”, bem como “não saia de casa com muita frequência, não viaje ou pratique esportes e descanse a maior parte do tempo”.
O objetivo é chamar a atenção para a situação da saúde na cidade de 1.300 habitantes do sul da Calábria. Não existe atendimento de emergência disponível durante a noite ou em feriados, a clínica médica local fica frequentemente fechada e o pronto-socorro mais próximo fica a cerca de 45 quilômetros de distância, em Catanzaro, de acordo com Torchia.
“Isso não é apenas uma provocação, a portaria é um pedido de socorro, uma forma de evidenciar uma situação inaceitável. Somos um município pequeno, mas os cidadãos de Belcastro não valem menos que os das grandes cidades. Temos direito a cuidados de saúde dignos, especialmente num país onde 50% da população é composta por pessoas com mais de 65 anos”, disse o prefeito ao jornal local Corriere della Calabria.
Médicos cubanos na Calábria
Segundo os sindicatos Uil Calabria e Uil Fpl Calabria, existe uma escassez estrutural de pessoal médico com o fechamento de inúmeras unidades de saúde na região.
A Calábria regista o menor gasto corrente com saúde em Itália, com 1.748 euros por pessoa diante de uma média nacional de 2.140 euros. Na região, o déficit de médicos de clínica geral é superior a 3.100 profissionais e aproximadamente 40% dos postos médicos de plantão estão vagos.
Em outubro de 2024, chegaram na Calábria 66 médicos cubanos, que se somaram aos outros 267 que hoje trabalham nos hospitais regionais.
A cada ano, estima-se que 1.000 médicos deixam a Itália para trabalhar no exterior, tornando-a um dos países europeus com maior chance de perder seus profissionais para outros lugares, segundo a Euronews.