Nesta terça-feira (3), o presidente da Rússia Vladimir Putin se encontrou com o seu homólogo mongoliano, Ukhnaagiin Khurelsukh.
A visita ganhou manchetes internacionais por conta da decisão da Mongólia de não prender Putin durante sua recente visita, apesar de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), tratado do qual a Mongólia é signatária.
Em março do ano passado, o órgão afirmou que o chefe do Kremlin deveria ser preso sob acusações de crimes de guerra na Ucrânia. Este mandado obriga os estados membros do TPI, incluindo a Mongólia, a deter indivíduos procurados pelo tribunal se eles entrarem em seu território.
A questão é que a Mongólia tem uma ótima relação com a Rússia há décadas e possui uma ligação econômica intensa com Moscou, em especial na área energética.
“A Mongólia importa 95% de seus produtos petrolíferos e mais de 20% da eletricidade de nossos vizinhos. Esse fornecimento é fundamental para garantir nossa existência e do nosso povo”, afirmou um porta-voz do governo da Mongólia ao site norte-americano Politico.
“A Mongólia sempre manteve uma política de neutralidade em todas as suas relações diplomáticas”, acrescentou o representante.
Durante a visita de Putin, o russo anunciou investimentos, inclusive a criação de um gaseoduto com destino à China, que devem auxiliar no crescimento econômico da Mongólia.
A decisão soberana da Mongólia gerou críticas, especialmente da Ucrânia, que a descreveu como um retrocesso significativo para o TPI e a justiça internacional.
A União Europeia também expressou preocupações sobre a falha da Mongólia em cumprir suas obrigações sob o Estatuto de Roma, que rege o TPI.
Os EUA, através de um porta-voz do Departamento do Estado, afirmaram que "nenhum país deva dar a Putin uma plataforma para promover sua guerra de agressão contra a Ucrânia. Esperamos que a Mongólia cumpra seu compromisso e seu apoio aos princípios da Carta da ONU, incluindo soberania e integridade territorial". O país não é signatário do TPI.