TROPA DE ELITE

Ficha de americano preso na Venezuela é reveladora

Washington alega que militar agiu por conta própria

Semeando dúvida.A mídia leva a sério declarações de porta-vozes ocidentais, mas coloca em aspas denúncias de líderes da Venezuela.Créditos: Reprodução
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Um fuzileiro naval preso na Venezuela há alguns dias é da tropa da elite da Marinha, confirmou um site que acompanha a vida militar dos Estados Unidos.

A publicação eletrônica Military.com informou que Wilbert Joseph Castaneda serve desde 2007, é suboficial e integrante dos Navy Seals, força de operações especiais treinada para missões clandestinas no mar, no gelo, em áreas urbanas, na floresta, em montanhas e desertos.

Ele foi condecorado duas vezes como expedicionário na "Guerra Global ao Terrorismo", segundo a ficha funcional.

Ao anunciar a prisão de Wilbert e de um grupo supostamente subordinado a ele, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou que o militar da ativa dos EUA era o líder do bando:

Os Estados Unidos estão por trás desta operação. Os Estados Unidos oferecem as armas e permitem que eles [os mercenários] circulem livremente para chegar à Venezuela e serem usados na operação.

ESCONDENDO A NOTÍCIA

A mídia ocidental geralmente nega credibilidade às denúncias do governo venezuelano. Coloca aspas quando se fala em 'complô' ou 'conspiração', sugerindo dúvidas. Nega detalhes dos episódios e não acompanha os acontecimentos.

Desta vez um porta-voz do Departamento de Estado confirmou a prisão do militar da ativa, mas sugeriu que Wilbert viajou por conta própria e negou envolvimento oficial de Washington no complô.

Cabello apresentou centenas de armas que seriam usadas na ação e deu os nomes dos outros presos: os estadunidenses David Estrella e Aaron Barrett Logan, alegadamente especialistas em ações cibernéticas, o checo Jan Darmovzal e os espanhóis José María Basoa Valdovinos e Andrés Martínez Adasme, que seriam ligados ao serviço de inteligência da Espanha.

Familiares alegam que ambos estavam na Venezuela como turistas.

Um quarto estadunidense foi preso nas últimas horas, acusado de tirar fotos de "instalações elétricas, infraestrutura de petróleo e unidades militares".

CRIAR O CAOS

Pelas denúncias de Diosdado Cabello, o objetivo do grupo era assassinar Nicolás Maduro, a vice Delcy Rodríguez e ele próprio, deixando o governo acéfalo e provocando instabilidade política com ataques à infraestrutura do país.

O Peru foi o primeiro país a reconhecer o opositor Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela, depois do pleito de 28 de julho, que teve os resultados oficiais contestados.

Urrutia está foragido na Espanha, país cujo Parlamento também o considerou eleito. A posse de Nicolás Maduro para um novo mandato só acontece em janeiro de 2025.

Criar um governo da Venezuela no exílio é uma possibilidade, como já aconteceu com o autoproclamado Juan Guaidó.

Em 2020, na chamada Operação Gideon, um ex-Boina Verde -- tropa de elite do Exército dos EUA --, Jordan Goudreau, encabeçou uma tentativa fracassada de invadir a Venezuela com mercenários a partir da Colômbia. Ele negociou apoio financeiro com Juan Guaidó.

Posteriormente, no entanto, Guaidó tentou se afastar de Goudreau e a mídia batizou a operação de desembarque de "Baía dos Porquinhos", uma referência à fracassada tentativa de invasão de Cuba com apoio clandestino dos EUA na Baía dos Porcos.

Mas, também é uma forma jocosa de demonstrar pouco caso com o que foi uma ameaça militar externa ao governo constitucional da Venezuela.

A ficha do condecorado militar dos EUA