Cinco anos após Juan Guaidó, então presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, autoproclamar-se presidente do país, foi a vez de Edmundo González fazer o mesmo. O candidato de direita, apoiado por María Corina Machado e que, segundo as contagens oficiais, terminou o pleito atrás de Nicolás Maduro, fez sua autoproclamação simbólica nesta segunda-feira (5) e o impasse acerca dos resultados eleitorais persiste.
Na madrugada de 29 de julho, horas após a votação realizada na data anterior, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições e apto a um novo mandato de 5 anos. A partir daí, começou o impasse.
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A oposição alegou que as eleições teriam sido fraudadas por Maduro e exigiu as atas eleitorais. Diversos países apoiaram a reivindicação da oposição, que mobilizava suas bases para ir às ruas do país. Em contagem própria, apontam para uma vitória de González com 67% dos votos contra 30% de Maduro.
Como resposta, Maduro afirmou que a contagem de González e Machado é que seria fraudulenta. Na última sexta-feira (2), o CNE reafirmou a vitória do chavismo com quase 52% dos votos após recontagem. González recebeu pouco mais de 43%.
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“Nós vencemos esta eleição sem qualquer discussão. Foi uma avalanche eleitoral, cheia de energia e com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a todos nós fazer respeitar a voz do povo. Procede-se, de imediato, à proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente da República”, diz nota publicada pela chapa opositora.
A autoproclamação tem caráter simbólico, uma vez que o órgão oficial que cuida dessas questões é o próprio CNE, cuja liderança é acusada de ser aliada de Maduro pelos opositores. Mas, ainda que não tenha um caráter oficial, esse tipo de medida simbólica já trouxe problemas para os cofres públicos venezuelanos.
A cada cinco anos, o país passa por eleições presidenciais e em todas as oportunidades mais recentes foram verificadas acusações dessa mesma natureza contra Maduro. Na última vez, em 2019, o então presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente do país alegando que Maduro havia fraudado as eleições.
Guaidó saiu do país com destino aos EUA e prometeu organizar a oposição no exterior. Embora jamais tenha governado de fato o país, o reconhecimento da sua autoridade pelos EUA lhe conferiu acesso às reservas venezuelanas guardadas em bancos americanos e bloqueadas pelo país. O então autoproclamado presidente usou pelo menos cerca de 500 mil dólares desse dinheiro, que é público.