As sucessivas intervenções desastrosas do bilionário Elon Musk no ex-Twitter podem estar atrapalhando seus negócios, em especial as vendas dos carros elétricos da Tesla, sua companhia.
Em artigo no Financial Times, a colunista Pilita Clark aponta para a repercussão negativa das postagens de Musk, que estariam afetando as chamadas "taxas de consideração" da montadora, uma parcela de potenciais compradores que têm apresentado tendência de queda nos EUA desde que Musk comprou o Twitter, em 2022.
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A colunista conversou com Shahar Silbershatz, chefe da Caliber, uma empresa de inteligência de mercado que monitora as pontuações da Tesla diariamente, taxas que são consideradas um bom indicador de vendas, segundo Clark. E os números da Tesla começaram a cair, de cerca de 40% em novembro para 30% em fevereiro deste ano.
Os dados apontam que as quedas foram mais acentuadas entre os eleitores democratas, geralmente maiores compradores de carros elétricos do que os republicanos. E isso foi antes de Musk apoiar o candidato presidencial republicano Donald Trump.
Elon Musk e a extrema direita no Reino Unido
A jornalista acredita que o mesmo movimento de rejeição à Tesla pode tomar corpo no Reino Unido por conta do bilionário ter divulgado notícias falsas em relação às comunidades de imigrantes no país e por se negar a bloquear contas de influenciadores da extrema direita britânica, chegando a desafiar determinações judiciais.
Bruce Daisley, ex-vice-presidente do Twitter para Europa e África, escreveu um artigo no The Guardian defendendo que Musk deveria ser alvo até mesmo de uma “ameaça de mandado de prisão” caso se conclua que suas atitudes estão fomentando as ações dos extremistas no Reino Unido.
“Na minha experiência, a ameaça de uma sanção pessoal é muito mais eficaz para os executivos do que as multas corporativas”, pontua ele, afirmando que "se nem as sanções pessoais o fizerem mudar de atitude, deveria ser preso".
Queda da Tesla
Na Califórnia, estado de tradição democrata e que responde por 10% das vendas da Tesla no mundo, os licenciamentos de carros da companhia caíram pelo terceiro trimestre consecutivo, no período encerrado em junho. Além do alinhamento político de Musk, altas taxas de juros e concorrência acirrada também são fatores que contribuem para o insucesso.
Um relatório da Associação de Revendedores de Carros Novos da Califórnia, divulgado em julho, aponta que "o fascínio da Tesla parece estar se esgotando, sinalizando possíveis problemas para a montadora". Entre janeiro e junho, os licenciamentos de carros da Tesla na Califórnia caíram 17%, enquanto montadoras como Hyundai, Kia, BMW, Mercedes-Benz, Ford e Rivian aumentaram suas vendas.
Dados da Jato Dynamics para o primeiro semestre de 2024 mostram que a companhia de Elon Musk teve queda de vendas de 8% nos EUA e 13% na Europa.