Ao melhor estilo Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Argentina, Javier Milei, recuou dos ataques diretos a Lula durante sua incursão entre os fascistas do Brasil em sua viagem a Camboriú (SC) para participar da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC), cópia do evento da extrema-direita nos EUA trazida ao país por Eduardo Bolsonaro (PL).
Antes de sua primeira viagem ao Brasil, em que deixou de lado a diplomacia para adular Bolsonaro, Milei reiterou os ataques feitos a Lula durante a campanha eleitoral.
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Em publicação na rede X no dia 2 de julho, o presidente argentino disse que o brasileiro "reclama porque eu lhe respondo com sinceridade (ele foi preso por corrupção e é comunista)".
Em pronta resposta, o Itamaraty emitiu um comunicado à Casa Rosada em que o governo brasileiro diz que "esperamos que não haja repetição da ofensa ao presidente Lula".
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“Seria uma situação grave que poderia ter consequências diplomáticas profundas, como a retirada do embaixador em Buenos Aires, e que complicaria muito a relação bilateral até levar a uma ruptura virtual das relações, como aconteceu com a Espanha”, disse o Itamaraty.
Em maio, o presidente do Governo da Espanha, Pedro Sanchez convocou o embaixador após Milei chamar a esposa dele, Bergoña Gomez, de corrupta em um evento do partido de extrema-direita Vox, em Madri.
Alertado pelo Itamaraty, Milei recuou e sequer citou Lula em seu discurso no Brasil, concentrando-se a repetir velhos chavões contra o "socialismo" e fortalecer o discurso vitimista de Bolsonaro.
"Olhem o que aconteceu na Venezuela, olha o que aconteceu na Bolívia quando Evo Morales ganhou pela terceira vez, olhem a perseguição que o nosso amigo Bolsonaro sofre aqui no Brasil, e olhem o que está acontecendo na Bolívia, um falso golpe de estado", afirmou Milei aos fascistas apoiadores de Bolsonaro em Santa Catarina.
Com 57% da população argentina vivendo na pobreza após o desmonte neoliberal na economia argentina, Milei tentou se defender atacando os "socialistas".
"Quero dizer que vamos sair da miséria gostem ou não os socialistas, porque a grande maioria dos argentinos escolheu uma mudança profunda de regime que prometemos na campanha, e nós temos o compromisso de cumprir com a maioria, ainda que os beneficiários desse sistema corrupto, parasitário e empobrecedor movam céus e terras para nos boicotar. Não passarão", afirmou.
Mauro Vieira
Em evento que antecede a participação de Lula, nesta segunda-feira (8), na sessão Plenária dos Presidentes do Mercosul, o chanceler brasileiro Mauro Vieira alfinetou Milei, que não deve participar da reunião, lembrando as tentativas de golpe na Bolívia e no Brasil.
"Não posso começar esse meu pronunciamento sem me referir, logo de início, à tentativa de golpe de estado ocorrida, há pouco mais de 10 dias, na república da Bolívia. Quero aqui me solidarizar com minha contraparte e amiga Celinda Sosa. No Brasil também tivemos de enfrentar, ainda nos primeiros dias deste terceiro mandato do presidente Lula, uma tentativa de reverter, por meio da violência, a vontade soberana do povo, expressa nas urnas. No Brasil, assim como na Bolívia, a democracia venceu – e tenho certeza de que sairá mais forte", discursou Vieira.
Ao final de sua fala, o chanceler brasileiro voltou a falar da importância da "democracia" e da "paz" para integração da região, em novo recado à ultradireita fascista.
"Para enfrentar os desafios globais e fortalecer a nossa região, devemos, primeiramente, fortalecer nosso bloco, com instituições robustas, maior integração de nossas cadeias produtivas, mais cooperação e, acima de tudo, com a constante defesa dos nossos princípios fundadores: a paz e a democracia como elementos-chave do processo de integração", concluiu.