Bangladesh, o pequeno país banhado pelo Oceano Índico e espremido entre a Índia e Myanmar, na Ásia, vive uma onda de protestos desde o começo de julho que escalou para uma situação de caos e violência que deixou pelo menos 75 mortos em Dhaka, a capital, na última semana. Nesta sexta-feira (19), manifestantes invadiram uma prisão no distrito de Narsingdi, no centro do país, libertaram centenas de presos e atearam fogo no local.
As autoridades agora cortaram serviços de internet móvel na tentativa de conter as mobilizações, reportou a AFP.
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Os protestos começaram em primeiro de julho com reivindicações dos estudantes acerca de uma política que restringe o serviço público. Segundo os manifestantes, o novo sistema de cotas para alocação de servidores públicos beneficia setores da juventude próximos a Sheikh Hasina, a primeira-ministra de 76 anos que governa o país desde 2009, quando seu grupo político obteve dois terços do parlamento bengali.
Hasina é filha do Sheikh Mujibur Rahman, líder da Liga Popular de Bangladesh e um dos fundadores do atual Estado bengalês.
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Os protestos começaram com bloqueios de estradas e ferrovias nas principais regiões do país e especialmente na capital. Reprimidas brutalmente pela polícia local, ao invés de se extinguirem, as manifestações cresceram e ganharam mobilizações de solidariedade de toda a sociedade bengali. Novamente reprimidas, escalaram para a atual situação.
No início da semana, o chefe de polícia de Dhaka, Habibur Rahman, anunciou a proibição de manifestações e disse que a medida era necessária para “garantir a segurança pública”. Assim ficaram proibidas manifestações, procissões e reuniões públicas de qualquer natureza.
Mas a medida não funcionou e, na última quinta-feira (18), uma nova onda de protestos devastou o país. Mais de 100 policiais foram linchados na capital, diversas instalações públicas foram vandalizadas e a sede da TV estatal foi incendiada.
Sob condição de anonimato, um produtor de notícias da Bangladesh Television contou à agência Associated Press que os manifestantes arrombaram a entrada da emissora e atearam fogo à recepção e a um veículo da empresa pública. O profissional contou que fugiu dali pulando um muro. A programação continuou no ar, mas algumas áreas de Dhaka ficaram sem sinal.