“A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.” A frase de Karl Marx cai como uma luva no que está acontecendo nos Estados Unidos. Assim como ocorreu em terras brasileiras, após o episódio do dia 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora, a ideia de um “escolhido de Deus que sobrevive a um ataque do mal” parece ser a grande aposta dos republicanos para tentar fechar de vez a imagem de Donald Trump como uma espécie de Messias.
Uma imagem que mostra um Cristo brilhante acolhendo o ex-presidente Trump circulou com muita força nas redes sociais. Curiosamente é a mesma imagem que fizeram com o inelegível Jair Bolsonaro após o fatídico episódio em terras mineiras. A ideia de um “protegido de Deus” é sempre uma narrativa que encontra eco entre fundamentalistas religiosos aficionados com epopeias messiânicas. E essas figuras surgem exatamente de momentos como o atentado ocorrido contra o concorrente republicano à Casa Branca.
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O próprio Trump alimentou esse discurso ao publicar em uma rede social que “foi Deus que impediu que o impensável acontecesse”. Ao discursar ontem à noite, o ex-presidente voltou a usar o nome de Deus em seu discurso. Afirmou que, durante o atentado, “eu me senti muito seguro porque tinha Deus do meu lado. Eu senti isso”, e para uma plateia emocionada voltou a tocar no assunto: “Eu estou diante de vocês nesta arena somente pela graça do Deus todo-poderoso”, disse para mais um momento de emoção entre os presentes.
Apoio de pastores após o atentado
Imediatamente após o incidente na Pensilvânia, diversos pastores e seguidores evangélicos, conhecidos pelo forte apoio ao candidato republicano, solicitaram orações tanto pelo candidato. A participação dos evangélicos conservadores no cenário político americano é um fenômeno relativamente recente, sendo que até meados do século XX, esses grupos evitavam se envolver em questões políticas. No entanto, com o tempo, o dominionismo (teologia do domínio), que defende uma nação governada por princípios cristãos, ganhou força.
A conexão entre Trump e os evangélicos conservadores começou em eleições anteriores, quando surgiu a ideia de que ele era o "escolhido do Senhor" para liderar os Estados Unidos. Desde então, Trump tem mantido o apoio desse eleitorado fiel, especialmente devido à sua postura antiaborto.
O ataque a Trump é visto pelos membros mais conservadores do eleitorado como uma agressão do "mal" contra o cristianismo. O pastor republicano Jackson Lahmeyer, fundador do "Pastors for Trump", descreveu o incidente como parte de uma "guerra espiritual", e afirmou que foi uma tragédia, mas também um milagre. Outros pastores ecoaram os pedidos de calma de Trump em suas congregações.
Mas nem todos os pastores e lideranças religiosas pensam assim. O teólogo e professor no Union Theological Seminary em Nova Iorque, associado a Universidade Columbia, o brasileiro Claudio Carvalhaes, fez uma declaração exclusiva à Fórum: "o maior jornal dos Estados Unidos, o New York Times fez uma matéria de página inteira dizendo na manchete assim: 'Ele falhou no teste de liderança e traiu a América. Os eleitores devem rejeitá-lo em novembro.' Eu gostaria de ver uma igreja, ou uma denominação fazendo isso também. Mas é quase impossível. Ao não se declararem contra um líder tirano e fascista, se tornarão responsáveis pelo tragédia que se abaterá não só nesse país mas no mundo todo. Sobrou muito pouco do Cristianismo de Jesus hoje em dia. Mesmo quase nada. É aqui e ali só que a gente vê o evangelho de Jesus de fato acontecendo. Vivemos um tempo de vários fins".
Publicação bizarra associa Trump a texto bíblico
Uma publicação que viralizou nos EUA faz uma interpretação pra lá de estapafúrdia de um texto bíblico, que fala da consagração dos sacerdotes no livro de Levítico, comparando esse momento de dedicação exclusiva a Deus com o incidente ocorrido na Pensilvânia. Através dessa postagem dá para se ter a ideia do quão longe os fundamentalistas e republicanos estão dispostos a ir para sustentarem essa narrativa messiânica em torno da figura do ex-presidente estadunidense.
Veja a postagem:
*Tradução do post
Eu não escrevi isto mas vale a pena partilhar!!
Na Bíblia, o conceito de sangue no ouvido direito (Levítico 8:22-24 e 14:28) serve como uma marca visível de consagração, significando que a pessoa é dedicada ao serviço de Deus e foi separada para um propósito específico. Este ato representa uma transformação física e espiritual, preparando o indivíduo para o seu papel sagrado. Aqui está um detalhamento do significado:
* Orelha direita: O ouvido direito representa audição e obediência. Na antiguidade, o ouvido direito era considerado o ouvido mais importante, pois era o ouvido que ouvia as palavras de Deus.
* Sangue: Sangue representa vida, sacrifício e expiação. Neste contexto, o sangue é um símbolo de purificação e consagração. * Consagração: Consagração significa separar algo ou alguém para um propósito específico, tornando-o santo e dedicado a Deus. Neste caso, o sangue na orelha direita significa que a pessoa está sendo separada para uma tarefa ou papel sagrado.
* Consagração sacerdotal: Em Levítico 8, o sangue é aplicado na orelha direita de Arão e seus filhos, consagrando-os como sacerdotes. Este ato os distingue como mediadores entre Deus e o povo.
* Purificação: Em Levítico 14, o sangue é aplicado no ouvido direito da pessoa que está a ser limpa, simbolizando a sua purificação e restauração à comunidade