Em entrevista concedida à revista The New Yorker, o senador democrata de Vermont e pré-candidato à presidência dos Estados Unidos em 2016 e 2020 pela legenda, Bernie Sanders, apontou que o atual presidente e candidato à reeleição Joe Biden é "o melhor candidato que os democratas têm", ainda que haja ressalvas em relação à sua candidatura.
"Não sei se alguém acha que Joe Biden é o melhor candidato da história do mundo, ou que ele é um candidato ideal, e ninguém vai discutir com você que ele tem um... Ele admitiu. Às vezes ele se confunde com nomes", aponta. "Você está certo — às vezes ele não junta três frases. É verdade. Mas a realidade do momento é, na minha opinião, que ele é o melhor candidato que os democratas têm por uma variedade de razões, e tentar, de uma forma sem precedentes, tirá-lo da chapa faria muito mais mal do que bem."
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Ao ser questionado se Biden teria condições de cumprir um mandato de quatro anos, Sanders, de 82 anos, afirmou que "todo mundo deveria ter preocupações sobre tudo", pontuando que os democratas fazem "um trabalho muito ruim, tanto no Congresso quanto na mídia" quando tratam de questões que impactam a classe trabalhadora.
No sábado (13), Sanders já havia publicado um artigo defendendo a candidatura de Biden no The New York Times, pedindo que os democratas "parassem de brigar" e afirmando que "uma eleição presidencial não é uma competição de entretenimento. Ela não começa ou termina com um debate de 90 minutos".
O senador defendeu no texto que Biden tinha um histórico de "realizações reais" em sua presidência. "Cancelamos a dívida estudantil de quase cinco milhões de americanos com dificuldades financeiras. Reduzimos os preços de insulina e inaladores para asma, limitamos os custos diretos de medicamentos prescritos e fornecemos vacinas gratuitas para o povo americano. Lutamos para defender os direitos das mulheres diante das ações de juristas nomeados por Trump para reverter a liberdade reprodutiva e negar às mulheres o direito de controlar seus próprios corpos."
Popularidade de Biden e Gaza
Quando perguntado sobre o porquê de Biden ter essa lista de realizações e mesmo assim não ter um índice de popularidade elevado, Sanders respondeu: "Temos um governo que é, em um grau significativo — e o povo americano entende isso — dependente de grandes interesses corporativos, e dos muito ricos, e ignora as necessidades da classe trabalhadora deste país". Segundo ele, isso faz com que a classe política seja culpada pela população. "O Congresso tem uma taxa de aprovação de 12% ou 14%. As pessoas estão sofrendo e não estão vendo seu governo responder. Ele é o chefe do governo delas."
Uma pesquisa da NBC divulgada no fim de semana mostra que a rejeição ao nome do atual presidente entre eleitores que apoiaram a candidatura do senador de Vermont em 2020 chega a 80%. Segundo o parlamentar, uma das razões pode ser o apoio dado pelo governo dos Estados Unidos aos ataques israelenses em Gaza.
"Meus apoiadores estão muito chateados, e justificadamente, com o presidente por sua posição sobre a guerra em Gaza. E eu apontei isso no meu artigo de opinião. Acho que o que está acontecendo lá é um show de horror humanitário. Acho que Netanyahu não deveria receber mais um centavo, mas essa não é a posição da Casa Branca", diz Sanders. "Olha, essa guerra é um desastre total. O que está acontecendo em Gaza é indizível."
Nesta quarta-feira (17), a Casa Branca anunciou que Joe Biden testou positivo para covid-19 e precisará ficar em isolamento nos próximos dias, o que levou ao cancelamento de um discurso do presidente em Las Vegas, programado para esta semana. A pressão de integrantes do Partido Democrata para que desista da candidatura continua.