Enquanto enfrenta uma crise cambial que atormenta a economia argentina, o governo Javier Milei oficializou a dissolução da Agência Federal de Inteligência (AFI) e o retorno da Secretaria de Inteligência do Estado (SIDE) através de decretos publicados nesta terça-feira (16).
A Agência Federal de Inteligência era o principal órgão de espionagem argentina. Em dezembro do ano passado, o governo já havia cortado funcionários da AFI e novos servidores devem ser destituidos após a nova medida do governo.
A ideia de Milei é alterar a lógica do órgão: agora, ele não funciona mais de maneira independente dos governos, mas se torna diretamente subordinado ao governo de Milei.
Além de cortar funcionários e subdivisões da AFI, o governo Milei, na realidade, coloca a espionagem argentina sob seu comando direto.
A Secretaria de Inteligência do Estado (SIDE) sempre esteve sob o controle do presidente da República da Argentina, tendo cumprido um papel terrível durante a ditadura militar no país.
Na década passada, a SIDE figurou em escândalos ao grampear políticos importantes do governo e da oposição argentina, em especial em 2015, quando o promotor Alberto Nisman - que apresentaria denúncias contra o governo Kirchner - foi encontrado em seu apartamento de Buenos Aires com um tiro na cabeça em 18 de janeiro.
Cristina Kirchner, obviamente, negou participação e decidiu reformar a agência, extinguindo-a. Ela criou a Agência Federal de Inteligência como forma de "despolitizar" e "profissionalizar" a inteligência argentina.
Milei desfaz a ação de Kirchner sob alegação de corte de gastos e modernização da agência.
Assim, ele coloca os espiões argentinos em sua alçada. Essa ação pode lembrar o caso da "Abin paralela" de Bolsonaro, onde se acusava a criação de uma estrutura de inteligência para servir interesses políticos.