O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, rebateu com dureza o comunicado final da Cúpula da OTAN em Washington, que termina nesta quinta-feira, 11.
Respondendo a uma pergunta de um repórter do Global Times, ele disse:
Te podría interesar
"A declaração da Cúpula de Washington é uma peça alarmista sobre a Ásia-Pacífico, produto da mentalidade da Guerra Fria e cheia de retórica beligerante. Os seus parágrafos sobre a China contém uma série de preconceitos, difamações e provocações".
Ele também afirmou que a OTAN precisa criar inimigos imaginários para sobreviver:
O “sucesso” e a “força” alardeados pela OTAN significam um enorme perigo para o mundo. Criar inimigos imaginários para justificar a sua existência e agir fora de sua área é a tática preferida da OTAN.
CHINA, UM "DESAFIO"
Na declaração final da Cúpula, alguns parágrafos foram dedicados à China, no contexto do alegado apoio desta ao esforço de guerra da Rússia na Ucrânia. Coreia do Norte e Bielorrússia também foram condenados.
As ambições declaradas e as políticas coercitivas da República Popular da China (RPC) continuam a desafiar os nossos interesses, segurança e valores. O aprofundamento da parceria estratégica entre a Rússia e a RPC e as suas tentativas de reforço mútuo para minar e remodelar a ordem internacional baseada em regras são motivo de profunda preocupação.
"Rules-based international order" é um refrão utilizado por lideranças ocidentais para condenar Rússia, China e o Irã como ameaças à ordem internacional, cujas regras foram definidas pelo Ocidente.
A declaração também afirmou:
A RPC tornou-se uma facilitadora decisiva da guerra da Rússia contra a Ucrânia através da sua chamada parceria “sem limites” e do seu apoio em grande escala à base de defesa industrial da Rússia.
Para o governo chinês, a OTAN espalha desinformação:
A OTAN tem espalhado a desinformação criada pelos EUA e difamado descaradamente a China para minar as relações da China com a Europa e dificultar a cooperação China-Europa. Até hoje, ainda não há fim à vista para a crise na Ucrânia. Quem exatamente está alimentando as chamas? Quem exatamente está “permitindo” o conflito? A comunidade internacional não é cega.
Em Washington, a aliança militar do Ocidente prometeu o equivalente a R$ 236 bilhões de ajuda à Ucrânia no próximo ano, o que inclui o fornecimento de caças F-16 e sofisticados sistemas de mísseis.
Além disso, reafirmou que a Ucrânia eventualmente será incorporada ao bloco.
O governo chinês, por sua vez, vê com alarme as ações da OTAN na Ásia-Pacífico. Os líderes da Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul e Austrália estão participando da Cúpula de Washington.
Sobre isso, disse o porta-voz:
O alcance da OTAN na Ásia-Pacífico, o reforço dos seus laços militares e de segurança com os países vizinhos da China, aliados dos EUA, e a colaboração com os EUA para implementar a Estratégia Indo-Pacífico prejudicam os interesses da China e perturbam a paz e a estabilidade na Ásia-Pacífico.
RECADOS?
Embora isso não seja resultado explícito da renovada parceira entre Rússia e China, nas últimas semanas as duas potências deixaram claro que, assim como a OTAN, também podem agir fora de suas áreas de hegemonia.
A Rússia despachou um submarino movido a energia nuclear e uma fragata para visitas a portos de Cuba e Venezuela.
Tropas chinesas estão na Bielorrússia para treinamento conjunto contra o terrorismo. Vizinha da Ucrânia, a Bielorrússia é aliada próxima de Moscou.
"A situação do mundo é complicada", explicou o comandante das Forças Especiais do Exército local, Vadim Denisenko.
O exercício conjunto, previsto para durar dez dias, inclui pouso noturno, superação de obstáculo aquático e ação em áreas habitadas.