LUTO

Morre Norita Cortiñas, uma das fundadoras das Mães da Praça de Maio

Incansável ativista pelos direitos humanos na Argentina e pela busca da verdade e justiça após o desaparecimento do filho durante ditadura, tinha 94 anos

Créditos: Fotomontagem (Página 12) - Norita Cortiñas, cofundadura das Mães da Praça de Maio
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Norita Cortiñas, cofundadora das Madres de Plaza de Mayo (Mães da Praça de Maio, em tradução lvre), figura icônica na luta pelos direitos humanos na Argentina, morreu na quinta-feira (30), aos 94 anos, em Buenos Aires.

Ela se destacou por sua incansável busca por justiça e verdade após a desaparição de seu filho Gustavo durante a ditadura militar argentina.

Nos dias anteriores à sua morte, Norita havia sido internada na unidade de terapia intensiva devido a complicações após uma cirurgia de hérnia. Apesar de a operação ter sido bem-sucedida, sua saúde frágil e complicações subsequentes levaram ao seu falecimento.

Norita dedicou grande parte de sua vida à luta por direitos humanos e participou ativamente em movimentos feministas, ecológicos e sociais. Ela foi uma defensora incansável dos direitos das mulheres e dos desaparecidos políticos, inspirando gerações com sua coragem e determinação.

Sua última aparição pública foi em março de 2024, quando participou de uma marcha em comemoração ao Dia da Memória, Verdade e Justiça e foi homenageada na ocasião por sua trajetória e compromisso com a democracia e os direitos humanos.

Mães da Praça de Maio

As Mães da Praça de Maio (Madres de Plaza de Mayo) são uma organização de mães argentinas que se uniram durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983) para buscar informações sobre o paradeiro de seus filhos desaparecidos, que foram vítimas de sequestros e desaparecimentos forçados pelo regime.

O grupo foi fundado em 1977, quando um grupo de mães começou a se reunir semanalmente na Praça de Maio, em Buenos Aires, em frente à Casa Rosada, a sede do governo argentino. Elas exigiam respostas e justiça para seus filhos desaparecidos, conhecidos como "desaparecidos" (desaparecidos) durante a Guerra Suja, um período de repressão brutal contra dissidentes políticos.

As Mães realizam marchas todas as quintas-feiras na Praça de Maio, uma tradição que continua até hoje. O lenço branco que usam na cabeça tornou-se um símbolo de sua luta e resistência. Esse lenço simboliza as fraldas de seus filhos desaparecidos.

Com o tempo, a organização se dividiu em dois grupos: as Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora e a Associação Madres de Plaza de Mayo, liderada por Hebe de Bonafini.

As Mães da Praça de Maio ganharam reconhecimento internacional por sua luta pelos direitos humanos e se tornaram um símbolo global de resistência pacífica contra a opressão. A organização desempenhou um papel crucial na promoção da justiça e da memória histórica na Argentina, pressionando por investigações e julgamentos de militares e oficiais envolvidos na repressão.

Elas inspiraram inúmeros movimentos sociais ao redor do mundo que lutam contra a violência do Estado e pela justiça para vítimas de violações de direitos humanos. Além de suas atividades de protesto, as Mães da Praça de Maio também se envolveram em iniciativas educacionais e culturais para manter viva a memória dos desaparecidos e educar novas gerações sobre os horrores da ditadura.