RESPONSABILIZAÇÃO

Criadora de videogame, fabricante de armas e Meta são acusadas de homicídio; entenda

O caso tem relação com o massacre registrado em uma escola da cidade de Uvalde, no estado do Texas (EUA), em 2022

Escola Primária Robb, em Uvalde, no Texas.Créditos: Reprodução/Street View
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As empresas Meta, Activision e Daniel Defense são alvos de ações judiciais, acusadas de homicídio culposo, nos Estados Unidos. O caso tem relação com o massacre registrado em uma escola de Uvalde, no estado do Texas (EUA), em 2022.

As denúncias, apresentadas na Califórnia e no Texas, acusam as empresas de “preparar” o atirador da Escola Primária Robb. De acordo com os processos, as empresas contribuíram, de uma forma ou de outra, para o comportamento do atirador.

Salvador Ramos, então com 18 anos, baixou o videogame Call of Duty: Modern Warfare, em novembro de 2021, segundo denúncia apresentada na Califórnia contra a editora do jogo, Activision.

O videogame apresentava uma arma da Daniel Defense chamada DDM4 V7, que serviu como “um teaser para jogadores ansiosos experimentarem a arma”, diz o processo.

Ao mesmo tempo, Ramos “estava sendo cortejado por meio de marketing explícito e agressivo” no Instagram, relata a ação. A Meta controla o Instagram, Facebook e WhatsApp.

“Além de centenas de imagens retratando e glorificando a emoção do combate, Daniel Defense usou o Instagram para exaltar o uso ilegal se suas armas”, aponta o processo.

“Poucas semanas depois de baixar Modern Warfare, o atirador estava pesquisando rifles de assalto, adquirindo acessórios de armas de fogo popularizados pelo jogo e retornando repetidamente ao site de Daniel Defense”, prossegue.

“Poucos minutos depois da meia-noite de 16 de maio – aniversário de 18 anos do atirador – ele comprou um DDM4V7”, continua o processo.

“Oito dias depois, o atirador infligiu violência indescritível na Escola Primária Robb, matando 21 pessoas e ferindo e traumatizando muitas outras”, relembra.

Os investigadores de Uvalde acharam na escola um dos rifles estilo AR15 de Ramos, fabricado pela Daniel Defense, de acordo com o então senador estadual do Texas, John Whitmire, que agora é prefeito de Houston.

“Os réus são responsáveis ??pela profunda corrupção de nossas crianças”, relata a ação movida no Tribunal Superior da Califórnia, em Los Angeles.

“Em conjunto com alguns fabricantes de armas de fogo, eles preparam uma geração de jovens que são socialmente vulneráveis, inseguros quanto à sua masculinidade e ansiosos por mostrar força e afirmar domínio”, diz o processo.

De acordo com a ação movida em Uvalde, Tribunal Distrital do Texas, a Daniel Defense corteja adolescentes aproveitando e explorando “o poder das redes sociais e das simulações de tiro em primeira pessoa para atrair adolescentes para seu site, onde pode monitorar suas atividades online, construir um perfil de seus interesses e solicitar suas informações de contato”.

O que diz o advogado das famílias

O advogado das famílias, Josh Koskoff, defende que há uma relação direta entre a conduta dessas empresas e o massacre em Uvalde.

“Muito antes de ter idade suficiente para comprar [a arma], ele foi alvo e cultivado online pelo Instagram, Activision e Daniel Defense. Este monstro de três cabeças o expôs conscientemente à arma, condicionou-o a vê-la como uma ferramenta para resolver seus problemas e treinou-o para usá-la”, avalia o advogado.

Um porta-voz da empresa Activision divulgou um comunicado: “O tiroteio em Uvalde foi horrível e comovente em todos os sentidos, e expressamos nossas mais profundas condolências às famílias e comunidades que continuam afetadas por este ato de violência sem sentido. Milhões de pessoas em todo o mundo gostam de videogames sem recorrer a atos horríveis”, de acordo com informações da CNN Inernacional.