SURPRESA

Cientistas descobrem relação entre surdez de Beethoven e o vinho; entenda

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de San Jose, na Califórnia, e revelou fatos surpreendentes

Beethoven.Créditos: Joseph Karl Stieler/Domínio Público
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Cientistas do Ira F. Brilliant Center for Beethoven Studies, da Universidade de San Jose, na Califórnia (EUA), desenvolveram um estudo sobre os hábitos alimentares do compositor alemão Ludwig van Beethoven. Os resultados foram surpreendentes.

De acordo com o trabalho, publicado na revista científica Clinical Chemistry, a forma como o compositor clássico se alimentava pode ter causado inúmeros problemas de saúde, incluindo a surdez.

O estudo analisou mechas de cabelo de Beethoven, encontradas em leilões e museus. Os pesquisadores acharam cinco tufos de cabelo que, após análise de DNA, foram confirmados como sendo do artista famoso.

O cabelo apresentou alta concentração de chumbo. O trabalho revelou que foram encontrados entre 258 e 380 microgramas da substância a cada grama de cabelo analisada. O máximo esperado era de 4 microgramas.

“Esses níveis de chumbo são comumente associados a doenças gastrointestinais e renais e à diminuição da audição, mas não são considerados altos o suficiente para serem a única causa de morte”, apontou o estudo.

A deficiência auditiva de Beethoven se manifestou cedo. Pouco antes de morrer, em 1827, ele não conseguia ouvir sequer sons agudos.

O estudo encontrou, ainda, arsênico e mercúrio no cabelo, em “níveis aumentados”. Ambas as substâncias foram identificadas com um total, aproximadamente, 13 e 4 vezes maior, respectivamente, em comparação com os intervalos de referência.

Vinho barato

Ainda conforme o trabalho dos cientistas, os hábitos de consumo de Beethoven podem ser a origem da intoxicação. Os autores relataram que as “fontes primárias sugeridas de exposição ao chumbo incluem vinho destilado, fatores dietéticos e tratamentos médicos”.

Beethoven era reconhecidamente um amante da bebida. Ele costumava consumir vinho destilado, frequentemente tomando uma garrafa por dia.

A prática de adicionar chumbo aos vinhos vem do Império Romano e, possivelmente, até o Antigo Egito. O metal pesado, supostamente, adoçava a bebida e ajudava a preservá-la. Também era comum a presença de chumbo no vidro, o que deixava os copos com uma aparência mais “cristalina”.

“Você pode ver nos registros que vários de seus médicos o alertaram para reduzir o consumo de vinho”, contou o coautor do estudo, Nader Rifai, da Harvard Medical School, em entrevista ao jornal britânico The Times.

Alimentação também pode ter contribuído

A alimentação, além do vinho, pode ter contribuído. O “fator dietético”, mencionado, se referiu ao peixe de água doce que Beethoven consumia. “Ele era conhecido por comer muito peixe, e o Danúbio na época estava fortemente poluído com toda a indústria”, explicou Rifai.

“Este homem criou algumas das músicas mais belas que a humanidade foi capaz de produzir. Foi incrivelmente trágico que ele não conseguiu ouvir a música majestosa que criou”, lamentou Rafai, se referindo à famosa “9ª Sinfonia de Beethoven”, que completou 200 anos em 2024.