O ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado federal cassado, Deltan Dallagnol, cansou de passar vergonha no Brasil e resolveu viajar para os EUA, onde foi vaiado após falar uma série de bobagens neste domingo (7). Ele participava de uma mesa sobre combate à corrupção da Brasil Conference, um seminário organizado por estudantes brasileiros das universidades de Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), em Cambridge.
Durante sua fala, Dallagnol deu razão ao bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), em sua nova cruzada contra o Governo Lula e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A seguir, defendeu a presença da religião nos meandros do Estado e disse que, para ele, a fé cristã é um valor político.
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“Defendo honestidade, competência, mas sim, levo a religião para o meu trabalho porque ela consiste nos meus compromissos últimos de vida. Você recusar isso é preconceito de natureza religiosa”, disparou.
Nesse momento, o público já começou a demonstrar antipatia ao discurso de Dallagnol. Mas logo em seguida, quando ele resolveu se colocar contrário ao direito ao aborto, tomou uma verdadeira chuva de vaias.
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Questionado sobre o evento pela Folha, Dallagnol confirmou as vaias em relação a mistura de religião e política, mas disse que quando falou sobre a Lava Jato foi aplaudido. Ele provavelmente se esqueceu de contar a história do fim da operação.
“Entendo que existe hoje um grande preconceito de natureza religiosa contra a expressão da fé no ambiente público. É um preconceito secularizante de uma perspectiva humanista que exclui a fé, mas ao mesmo tempo aceita todas as ideologias – liberalismo, socialismo, comunismo, conservadorismo -, todas as ideologias que têm por base, em última análise, a fé”, declarou.
O senador Alessandro Vieira (MDB) também estava no evento e foi aplaudido quando criticou a ideia de misturar política com religião.
Ataques de Elon Musk ao Brasil
Os ataques começaram na última quarta-feira (3) com a divulgação do, assim chamado, Twitter Files Brazil, pelo jornalista americano Michael Shellenberger. O dossiê do profissional ganhou muito destaque em meios de extrema direita por expor supostas conversas entre o Judiciário brasileiro e a cúpula do escritório do Twitter no Brasil. Para o jornalista, os insistentes pedidos de retirada de portagens, perfis e entrega de dados de usuários que difundem fake news – a maioria de extrema direita – seriam “ameaças à liberdade de expressão e à democracia”.
Nos dias subsequentes o próprio Elon Musk passou a fazer ataques a Moraes e ao Governo Lula. Em relação ao ministro do Supremo, sugeriu que renunciasse ou sofresse um processo de impeachment.
No evento os EUA, Dallagnol defendeu que Elon Musk teria razão, pois conteúdos ideológicos não seriam criminosos ou ilegais no Brasil e, por isso, não podem ser censurados.
“Isso vem acontecendo no Brasil e é absolutamente errado, equivocado, um absurdo. Isso nos aproxima de países com perfil ditatorial”, afirmou, fazendo coro às críticas do dono do Twitter e de todo o campo o bolsonarista.
Faltou alguém explicar a Deltan que os conteúdos que acabam se tornando alvos do Supremo Tribunal Federal não são meramente discursos ideológicos, mas notícias falsas e calúnias na maior parte dos casos.
O Brasil reagiu aos ataques da extrema direita global. A Advocacia-Geral da União respondeu a Musk com um pedido de que voltasse à pauta a regulação das redes sociais. No Congresso, o deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP), que é relator do PL das Fake News, pediu que o texto volta a ser discutido.