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Irã mudou o jogo no Oriente Médio, diz ex-militar dos EUA; entenda

Nada será como antes, afirma Scott Ritter

Divergente.O fuzileiro naval nada contra a corrente -- e tem acertado em suas análisesCréditos: Wikipedia
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Durante muitos anos, o Irã assimilou os ataques clandestinos de Israel a sua infraestrutura, o assassinato de cientistas nucleares e mesmo de militares de alto escalão da Guarda Revolucionária.

A saída foi organizar o chamado Eixo de Resistência para promover a guerra assimétrica contra inimigos muito mais poderosos: Israel e Estados Unidos.

Porém, tudo mudou sábado passado e na madrugada de domingo, no horário de Brasília, quando Teerã disparou uma onda de drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos contra Israel.

A opinião é do condecorado veterano dos fuzileiros navais dos Estados Unidos, Scott Ritter.

Ritter fez na área militar o equivalente ao que Julian Assange, Chelsea Manning e Edward Snowden fizeram na área informacional.

Indicado inspetor de armas das Nações Unidas por sua expertise, Ritter atuou no Iraque e fez parte do grupo que denunciou que Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa, apesar das declarações em contrário dos Estados Unidos.

A realidade provou que Ritter estava certo, mas antes ele foi alvo de uma campanha de difamação provavelmente organizada pela Central de Inteligência Americana.

GUERRA DA UCRÂNIA

Ritter foi um dos primeiros analistas a dizer que a Ucrânia perderia a guerra para a Rússia, mesmo quando a mídia ocidental aplaudia os feitos dos militares ucranianos de repelir o exército inimigo.

Por conta disso, recentemente ele foi convidado por Moscou para visitar a frente de batalha.

Na questão de Gaza, Ritter foi acusado de antissemitismo por dizer abertamente que o país perdeu o direito de existir, alegando as atrocidades cometidas contra os palestinos em territórios ocupados.

Agora, Ritter diz que o Irã mudou o jogo no Oriente Médio, independentemente dos danos causados a Israel.

Ele argumenta que a base de Nevatim, no deserto de Negev, é a instalação militar mais protegida de todo o planeta, por um sistema anti-míssil de múltiplas plataformas, desenvolvido pelos Estados Unidos.

O fato de que o Irã acertou a base, ainda que com pequeno número de mísseis, muda o jogo.

Ele argumenta que o ataque demonstrou que a defesa aérea de Israel é vulnerável, o que também serve para todas as instalações militares dos Estados Unidos no Oriente Médio.

Scott Ritter argumenta que o Irã calibrou seu ataque e poderia ter utilizado um número muito maior de mísseis hipersônicos.

POUCO CASO

Os Estados Unidos fizeram pouco caso do ataque iraniano, alegando que ele fracassou, com 99% dos drones e mísseis destruídos.

Porém, ao mesmo tempo, Washington admitiu que colocou caças para abater -- em nome de Israel -- as armas que voavam do Irã em direção a Israel. O Reino Unido fez o mesmo. A França também recebeu agradecimentos de Tel Aviv.

A Jordânia admitiu ter derrubado alguns drones e alega que faria o mesmo se eles tivessem partido de Israel. A participação da Arábia Saudita é motivo de controvérsia, com diferentes versões circulando na mídia a respeito.

O envolvimento de caças, em outras palavras, impediu que o sistema de defesas de Israel sofresse um "overload".

De acordo com o diário Wall Street Journal, só Israel teria gasto o equivalente a U$ 550 milhões numa única noite para enfrentar o ataque.

Ritter sustenta que, a partir de agora, Israel vai pensar muito antes de fazer ataques ao Irã, dentro ou fora do território persa.

Esta preocupação inexistia antes do ataque do fim-de-semana passado.