TERCEIRA GUERRA

Ataque massivo de Israel ao Irã só com apoio dos EUA

Teerã hoje dispõe de um amplo arsenal de drones e mísseis

Propaganda.Em vídeos de propaganda, o Irã diz que destruiria a principal instalação nuclear de Israel em 400 segundos.Créditos: Reprodução
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"Vitória limpa", anunciou em manchete o Times de Teerã sobre o histórico ataque que o Irã realizou contra Israel.

Nas Nações Unidas, o país argumentou que estava utilizando o direito de autodefesa, uma vez que Israel atacou um prédio consular do Irã em Damasco, na Síria, matando sete oficiais da Guarda Revolucionária do Irã, inclusive dois generais.

Já o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu focou na capacidade de Israel de se defender, omitindo que Estados Unidos, Reino Unido, França e, ainda que indiretamente, Jordânia e Arábia Saudita mitigaram o impacto do ataque iraniano.

Politicamente, Washington acredita que o ataque deu a Israel uma grande oportunidade de renovar o apoio ocidental, além de reacender a rixa histórica entre sunitas e xiitas.

O Irã, campeão da defesa de minorias xiitas, é visto com desconfiança por elites sunitas, que argumentam que o apoio de Teerã à causa palestina tem o objetivo de solapar seu poder na região.

BIDEN E NETANYAHU

Netanyahu teria sido convencido por Joe Biden, num telefonema, a não retaliar. É o que diz a mídia de Israel.

Tel Aviv poderia fazê-lo de maneira direta ou indireta.

Em fevereiro deste ano, o New York Times disse que Israel estava por trás da sabotagem que atacou infraestrutura de gás e petróleo do Irã:

Israel realizou ataques secretos a dois grandes gasodutos de gás natural dentro do Irã, interrompendo o fluxo de aquecimento e gás de cozinha para províncias com milhões de habitantes, segundo dois analistas ocidentais e um estrategista militar afiliado à Guarda Revolucionária do Irã.

Israel tem um longo histórico de promover o assassinato de cientistas nucleares do Irã, além de ciberataques e outras formas de sabotagem contra os persas.

O Irã não dispõe de uma força aérea equivalente à de Israel, mas desenvolveu sistemas de defesa aérea, enterrou instalações militares e tem uma dinâmica indústria de produção de drones e mísseis de cruzeiro e balísticos.

Boa parte da experiência militar iraniana vem do conflito travado com o Iraque nos anos 80, quando a guerra cruel entre os dois países matou milhares de pessoas, com bombardeios contra Teerã e Bagdá e o uso de armas químicas no campo de batalha.

O Iraque foi salvo da derrota pela interferência dos Estados Unidos e aliados ocidentais.

ALVOS EM POTENCIAL

O mais recente ataque de Israel ao Irã aconteceu em 2022, quando drones lançados por Tel Aviv destruiram uma fábrica iraniana de veículos não tripulados.

A tv libanesa Al Mayadeen só noticiou o ataque, jamais assumido por Israel ou confirmado pelo Irã, em março deste ano, citando que teria sido a razão para o ataque de míssil do Irã contra um suposto centro de inteligência do Mossad no Curdistão.

Os curdos do Iraque são aliados de Israel e fornecem petróleo a Tel Aviv.

Um ataque de Israel com maior potencial de destruição poderia ter como alvo a infraestrutura nuclear do Irã: minas de urânio, centros de produção do chamado yellow cake, usinas nucleares, reatores de pesquisa e centros de enriquecimento de urânio.

Porém, as chances de um ataque do gênero dar certo sem apoio dos Estados Unidos são dadas como escassas, por causa das distâncias de vôo, da necessidade de reabastecimento e da falta de munição adequada para vários lançamentos que garantissem o sucesso.

Washington dispõe das chamadas bombas de penetração para implodir bunkers, as GBU-28, mas certamente exigiria direito de aprovar o ataque.

Além disso, hoje Teerã dispõe de mísseis balísticos que poderiam acertar o grande centro de pesquisas nucleares de Israel, em Dimona.

AVISOS

A recente represália do Irã contra Israel era de conhecimento público. Teerã, através de intermediários ou não, informou que faria o ataque.

Usou drones suicidas Shahed, que voam em baixa velocidade.

Deu tempo para que tanto os Estados Unidos quanto Israel e aliados se preparassem.

Usou mísseis de cruzeiro e balísticos já conhecidos no mercado.

Em caso de represália de Israel, no entanto, o Irã poderia lançar um ataque-surpresa usando armas muito mais sofisticadas, como os mísseis hipersônicos Fatah 1 e 2.

A propaganda de Teerã sustenta que poderia atingir Dimona, o principal centro nuclear de Israel, em apenas 400 segundos.

Além disso, em caso de envolvimento dos EUA, ainda que indireto, num ataque ao Irã, as instalações militares de Washington no Oriente Médio ficariam sujeitas a retaliação.

Os EUA tem presença militar em Israel, Jordânia, Síria, Iraque, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Omã, Djibouti e Egito.

Promovem um cerco ao Irã.

São bases terrestres, navais e aéreas que ficariam ao alcance do arsenal iraniano de drones e mísseis, num conflito que comprometeria agora a reeleição de Joe Biden em novembro.

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