Desde a Nakba [Catástrofe] original, em 1948, depois da instalação do Estado de Israel, o objetivo dos governos locais tem sido o de avançar sobre terras e bens controlados pelos palestinos, com maior ou menor ímpeto, dependendo do governo de turno.
Todos os eventuais ataques militares ou terroristas praticados por árabes contra Israel foram utilizados como pretexto para a política de saque, que atingiu seu ápice com a ascensão de Benjamin Netanyahu ao poder com apoio de partidos religiosos de extrema-direita.
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Líderes destes partidos -- inclusive ministros do atual governo -- advogam por uma Grande Israel, que incluiria Gaza, a Cisjordânia e pedaços do Líbano, da Síria e da Jordânia.
A Cisjordânia seria essencial para este projeto etno-nacionalista, uma vez que eventualmente poderia dar controle a Israel das duas margens do rio Jordão.
É nesse contexto que se explicam as ações de colonos que o próprio governo de Israel diz condenar, mas que moram em postos avançados e acossam a população palestina, muitas vezes destruindo as oliveiras que são importante fonte de sobrevivência econômica.
Estes colonos fazem os assentamentos regulares endossados pelo governo de Israel parecerem um paraíso.
Um grupo de colonos, inclusive, já entrou em Gaza e estabeleceu um posto avançado, esperando o momento de reassentar o território, do qual comunidades de Israel haviam sido retiradas em 2005.
GÁS NO MEDITERRÂNEO
Há estimativas de imensas reservas de gás natural e petróleo no território em disputa, especialmente no mar Mediterrâneo que banha Gaza.
O governo palestino requisitou para si o controle de mar territorial, levando em conta que recebeu o reconhecimento oficial de vários países, inclusive do Brasil.
Hoje, na prática, a Autoridade Palestina controla a Cisjordânia e o Hamas governa Gaza.
Israel não reconhece a Palestina e, depois do 7 de Outubro, endureceu sua posição. O Parlamento aprovou uma resolução do governo dizendo que não aceita nenhuma decisão unilateral sobre um estado palestino.
Enquanto isso, leva adiante os projetos para exploração do gás natural em águas territoriais requisitadas pelos palestinos.
Em outubro do ano passado, Israel anunciou concessões para ao menos três empresas estrangeiras: a italiana Eni, a britânica BP e a sul coreana Dana. A Israeli Ratio Petroleum é a empresa doméstica envolvida na exploração.
A Palestina ratificou a Convenção das Nações Unidas para a Lei do Mar, mas Israel não.
Por isso, tudo o que os palestinos podem fazer a esta altura é pressão política contra as empresas envolvidas.
O Centro Palestino para os Direitos Humanos, por exemplo, enviou uma carta aos concessionários alertando para o julgamento que acontecendo no Tribunal Internacional de Justiça, a mais alta instância jurídica da ONU:
A cumplicidade em crimes de guerra como pilhagem também é uma ofensa grave e os intervenientes empresariais podem estar sujeitos a responsabilidade criminal individual. A cumplicidade em violações do [direito humanitário internacional] também pode expor empresas como a sua – e os seus gestores e funcionários – ao risco de ações civis por danos morais.
Nos últimos meses, Israel passou a fazer uma dura campanha contra as Nações Unidas e suas agências, que praticamente garantem com dinheiro internacional a sobrevivência de uma comunidade palestina em Gaza, na Cisjordânia e na diáspora.
Desconhecer a ONU e suas agências abre caminho para que Israel aja de maneira unilateral, seguindo com seu projeto colonial de pilhagem dos palestinos.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, países europeus passaram a adotar uma política de boicotar o gás russo que provocou graves danos econômicos locais.
Os Estados Unidos, por sua vez, se tornaram o maior exportador de GLP do mundo. No momento, existe grande demanda internacional por GLP e gás natural.
O roubo de recursos naturais não é exatamente uma novidade na região. Depois de se estabelecer na Síria, supostamente para combater o Estado Islâmico, os Estados Unidos montaram bases militares na região petrolífera do país.
O governo da Síria acusa Washington de dar cobertura para o roubo de petróleo em levas de caminhões-tanque, que atravessam a fronteira em direção à região do Iraque controlada pelos curdos.