"Saudamos a declaração do presidente Milei no início desta semana de que a Argentina comprará da Dinamarca caças F-16 de segunda mão fabricados nos EUA que oferecem às Forças Aéreas da Argentina uma aeronave multifuncional de baixo custo e alto desempenho".
A mensagem foi publicada no X pelo setor de assuntos políticos-militares do Departamento de Estado, em Washington.
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Nas últimas horas a Dinamarca assinou uma carta de intenções para vender 24 caças F-16 para a Argentina, depois de os Estados Unidos terem autorizado a venda.
Para dar uma medida da importância do negócio, países europeus estão sob pressão para oferecer caças F-16 à Ucrânia. Cerca de 45 já foram prometidos pela Dinamarca, Holanda, Noruega e Bélgica.
Pilotos ucranianos receberam treinamento e a Ucrânia deve começar a usá-los em julho na guerra contra a Rússia.
Com isso, as gigantes do armamentismo dos EUA, Lockheed Martin e General Dynamics, que produzem os F-16, farão vendas de modelos novos para os parceiros europeus e terão conquistado para si os mercados de peças de reposição e manutenção da Ucrânia e da Argentina.
Por causa da guerra das Malvinas, em 1982, até hoje o Reino Unido mantém um bloqueio na venda de armas a Buenos Aires, que era respeitado por Washington.
Porém, a posição dos EUA aparentemente mudou depois da eleição de Javier Milei, que começou a estabelecer uma relação carnal com os estadunidenses.
A novela na compra de novos caças argentinos se arrastava há anos e o país chegou a sondar Rússia e China como possíveis fornecedores.
Um dos motivos de Washington para aprovar a venda teria sido justamente o de evitar qualquer negócio no ramo com os chineses.
Os caças chineses J-10 são vistos como competidores em potencial dos F-16 fornecidos pelos EUA a Taiwan.
CIBERSEGURANÇA E HIDROVIA
A hidrovia, que tem origem no Brasil, eventualmente ligará São Paulo à bacia do Prata.
É a principal via de saída das exportações do Paraguai e da Argentina.
O acordo que rege a hidrovia, assinado por Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina não impede esse tipo de cooperação.
A embaixada dos EUA na Argentina anunciou o upgrade no acordo, que é de 2021, em 7 de março:
Reconhecida pela sua riqueza de conhecimentos, composta por milhares de engenheiros e especialistas, a USACE está ansiosa por facilitar a troca de conhecimentos, a formação e a partilha de experiências. A responsabilidade da Admnistração Geral de Portos na supervisão de uma hidrovia fundamental para o comércio da Argentina e dos países vizinhos sublinha a importância desta parceria.
A oposição na Argentina pediu informações ao governo sobre a possível presença de militares dos EUA ao longo da hidrovia.
Também aqui o objetivo de Washington é evitar que, em caso de privatização da hidrovia em território argentino, alguma empresa chinesa ganhe a concorrência.
Ontem a Argentina assinou com os Estados Unidos um acordo para tratar da cibersegurança no país.
O ministro da Defesa Luis Petri justificou:
A defesa digital do país também foi construída em cooperação com todos os atores que lideraram o processo de transformação digital no mundo. Este acordo nos permite defender-nos melhor daquelas ameaças persistentes que existem no ciberespaço.
ACORDO ESTRATÉGICO
Depois de receber o apelido de "Argenchina", por conta dos profundos laços de cooperação econômica com a China, Buenos Aires deu uma guinada de 180 graus em sua política externa.
Na semana passada, o chefe de gabinete de Javier Milei, Nicolás Posse, recebeu o diretor da Central de Inteligência Americana, William Burns, para tratar de uma agenda comum: combater a influência da China, do Irã e o narcotráfico na América Latina.
Posse também vai se encontrar com a chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson, em abril.
Em maio, o porta-aviões nuclear George Washington fará uma visita à Argentina, embora não faça parte da Quarta Frota dos Estados Unidos, mas fique baseado no Japão.
Trata-se de um recado à China, uma vez que o porta-aviões faria parte de qualquer conflito envolvendo os chineses e Taiwan.
PONTA DE LANÇA CONTRA A ESQUERDA
O presidente argentino negou-se a entrar nos BRICs e tem batido duro nos líderes de esquerda do continente, como Gustavo Petro, Nicolás Maduro e Manuel Lopez-Obrador.
A embaixada da Argentina em Caracas abriga hoje líderes da oposição venezuelana que se dizem perseguidos por Maduro.
No início do ano, Buenos Aires permitiu que os EUA levassem embora um Boeing de uma empresa venezuelana que havia sido arrestado na capital argentina a pedido de Washington.
O governo estadunidense alegou que o avião era fruto de uma transação entre o Irã e a Venezuela que violava sanções unilaterais dos Estados Unidos.
Em resposta, Nicolás Maduro proibiu o ingresso de aviões argentinos no espaço aéreo venezuelano.
A Argentina formalizou sua adesão aos projetos de infraestrutura da Nova Rota da Seda chinesa, mas tudo indica que vai deixar o acordo morrer.