O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou a viagem de uma delegação que iria a Washington para discutir alternativas à invasão de Rafah, na faixa de Gaza, onde mais de um milhão de refugiados palestinos se concentram.
Foi uma reação à decisão dos Estados Unidos de se abster na votação da proposta de Moçambique, o que permitiu que o Conselho de Segurança aprovasse hoje o pedido de cessar-fogo em Gaza, acompanhado da entrada de ajuda humanitária sem limites e da libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas.
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Desde o ataque do Hamas em 7 de Outubro e dos bombardeios de Israel e Gaza, os EUA vetaram três resoluções falando em cessar-fogo, inclusive uma do Brasil.
Uma proposta de Washington com linguagem dúbia foi derrubada pelo veto de Rússia e China na semana passada.
Votaram a favor hoje a Rússia, China, França, Reino Unido, Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suiça, além de Moçambique.
Emocionado, o representante da Palestina segurou as lágrimas ao comentar a decisão.
Linda Thomas-Greenfield, a representante dos Estados Unidos, notou que o texto aprovado é "non-binding", ou seja, é uma recomendação, aludindo a detalhes na linguagem da resolução.
Barbara Woodward, a representante do Reino Unido, disse que a decisão do Conselho deve ser implementada "imediatamente".
O representante da Rússia reclamou que de última hora a palavra "permanente", sobre o cessar-fogo, foi trocada por "duradouro".
Países que desconhecem as resoluções do Conselho de Segurança ficam sujeitos a uma série de medidas, inclusive embargos econômicos.
"NÃO TEM VALOR"
Já o representante de Israel, Gilad Erdan, disse que a decisão demonstra que "o sangue de Israel não tem valor" para as Nações Unidas.
Dois dias atrás, ele havia postado na rede X:
A grande maioria dos palestinos não quer a paz – quer aniquilar Israel a qualquer custo! É por isso que a desradicalização é fundamental. Os palestinos devem passar por uma transformação educacional, tal como a Alemanha depois da derrubada do regime nazista. Esta é a única forma de conseguir que os palestinos apoiem a coexistência com Israel.
O argumento do embaixador é de que Israel precisa atacar Rafah para eliminar o Hamas e em seguida assumir o controle da faixa de Gaza para "reeducar" os palestinos que moram lá.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a invasão de Rafah acontecerá, provavelmente depois do mês sagrado de Ramadã, que termina no dia 9 de abril.
A delegação de Israel, cuja viagem foi cancelada, deveria discutir com o Pentágono alternativas ao ataque a Rafah como forma de eliminar o Hamas.
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, afirmou domingo numa entrevista que o governo Biden não descarta limitar o envio de armas a Israel.