Um suposto áudio vazado que mostraria oficiais-generais alemães discutindo a entrega de mísseis de cruzeiro para a Ucrânia utilizar na guerra contra a Rússia, assim como o potencial dessas armas para destruir uma ponte na Crimeia, revelado pela Russia Today (RT), uma mídia estatal, deixou o Kremlin furioso.
Os militares do alto comando das Forças Armadas da República Federal da Alemanha (Bundeswehr), no trecho apresentado, falariam supostamente com pares da Força Aérea sobre a hipóteses de transferência dos mísseis Taurus ao governo de Kiev e se esses artefatos seriam capazes de inutilizar a estrutura viária que liga a cidade de Kerch, na Península da Crimeia, ao território russo. A autenticidade e o teor completo da mensagem não pôde ser confirmada por nenhum veículo de comunicação até o momento.
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O ex-primeiro-ministro e ex-presidente russo Dmitry Medvedev, atualmente vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, que seguem sendo uma das figuras mais influentes e próximas a Vladimir Putin, foi ao ‘X’ (antigo Twitter) comentar o episódio e deixou um recado furioso para os alemães.
“Na conversa telefônica entre oficiais da Bundeswehr sobre ataques planejados contra nosso país: Os nossos adversários históricos, os alemães, transformaram-se mais uma vez nos nossos arquiinimigos. Basta ver quão minuciosamente e com que detalhe os alemães estão a discutir ataques com mísseis de longo alcance no território da Rússia, e estão a escolher alvos e as formas mais viáveis ??de prejudicar a nossa Pátria e o nosso povo. E fazem-no sem deixar de lado a retórica enganosa sobre o não envolvimento da Alemanha no conflito. Há pouco tempo, alguém poderia ter imaginado isso? E como reagir a isso de forma diplomática? Não sei… Mas eu sei de uma coisa: O apelo da Segunda Guerra Mundial tornou-se mais uma vez relevante: MORTE AOS FASCISTAS!”, escreveu Medvedev.
Agências russas reportam na manhã deste sábado que o Kremlin estaria discutindo um enérgico pedido de satisfação ao governo do chanceler Olaf Scholz, que até o momento não se pronunciou sobre o suposto vazamento, embora integrantes do alto escalão do governo alemão tenham dito reservadamente que os áudios parecem ser de fato de integrantes sênior da Bundeswehr.
Presidente da comissão de supervisão parlamentar do Bundestag (o parlamento alemão), Konstantin von Notz disse em entrevista à agência de notícias RND (Redaktionsnetzwerk Deutschland) que, “se esta história for verdadeira”, os dois países estariam diante de um “incidente altamente problemático”, sinalizando que uma espionagem desse nível por parte de Moscou, interceptando comunicações do Estado Maior das Forças Armadas da Alemanha, não seria tolerada.
Oficialmente, a Alemanha não forneceu seus mísseis de cruzeiro Taurus, ou qualquer outro equipamento militar, de forma direta à Ucrânia. O país tem liderado ativamente os esforços, como nação mais rica da União Europeia, para ajudar na arrecadação de fundos para a manutenção das tropas de Kiev, mas recentemente rechaçou qualquer possibilidade de uma ação bélica, de sua parte ou por parte da Otan, contra as tropas russas em território ucraniano, ventilada numa fala desastrosa e aparentemente de improviso pelo presidente francês Emmanuel Macron.