O primeiro-ministro Justin Trudeau, do Canadá vai suspender a venda de armas para Israel, o que terá maior impacto político do que militar.
De acordo com o diário Toronto Star, a decisão foi tomada depois que o Parlamento aprovou uma resolução neste sentido, que era apenas indicativa.
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A ministra das Relações Exteriores Mélanie Joly confirmou a informação.
Nos últimos meses, várias ONGs canadenses exerciam pressão sobre o governo para adotar a medida.
É provável que a decisão tenha sido ajustada com a Casa Branca.
Os Estados Unidos consideram suspender a venda de armas de ataque a Israel se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Bibi) insistir em seu plano de atacar Rafah.
Porém, em ano eleitoral o presidente Joe Biden fica vulnerável a ataques de seu opositor Donald Trump, o que já vem acontecendo, na disputa pelo voto pró-Israel nos EUA.
Netanyahu conta com uma guerra longa, na qual vai precisar de muitas armas para se manter no poder.
De acordo com a Autoridade Palestina, Israel já está atacando Rafah, mas não de forma massiva, para forçar os palestinos refugiados a esvaziar a cidade.
O fluxo de palestinos em direção ao norte de Gaza, em escombros, já começou.
PEÇAS DE REPOSIÇÃO
Segundo Michael Bueckert, vice-presidente dos Canadenses por Justiça e Paz no Oriente Médio, desde que Justin Trudeau tomou posse, em 2015, o Canadá exportou U$ 84 milhões em armas para Israel.
Bueckert e outros militantes alegam completa falta de transparência nas vendas, algumas delas trianguladas com os Estados Unidos.
Não se trata de sistemas completos, mas de componentes e peças de reposição que poderiam fazer diferença no esforço de guerra de Israel: eletrônicos e equipamento aeroespacial e peças relacionadas a bombas, mísseis, foguetes e explosivos.
Tel Aviv não terá dificuldade para conseguir outro vendedor, mas a mensagem política é forte: o Canadá sempre foi um aliado muito próximo de Israel.
O regime de apartheid da África do Sul foi desmantelado depois de um boicote internacional que incluiu um embargo na venda de armas utilizadas para reprimir a maioria negra.
Israel Katz, o ministro do governo Netanyahu que fez vários ataques ao presidente Lula nas redes sociais, depois que o líder brasileiro falou em Holocausto em Gaza e mencionou Hitler, desta vez atacou o Canadá e marcou Mélanie Joly:
É lamentável que o governo canadense esteja tomando uma medida que mina o direito de Israel à autodefesa contra os terroristas do Hamas, que cometeram crimes terríveis contra a humanidade e contra civis inocentes, inclusive idosos, mulheres e crianças. A história julgará duramente a ação do Canadá. Israel continuará a lutar até que o Hamas seja destruído e todos os reféns sejam devolvidos.