DRAMA

Ao lado de cadáveres, menina palestina segue sumida

Já se passaram mais de 110 horas sem que se saiba o destino de Hind

Sobreviveu?.Hind e os dois homens que foram resgatá-la estão desaparecidosCréditos: Reprodução Crescente Vermelha
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Uma menina palestina de 6 anos de idade, Hind Hamadeh, segue desaparecida em Gaza, assim como os dois integrantes da Crescente Vermelha que saíram para resgatá-la há mais de 110 horas.

Presa dentro de um Kia Picanto perto da Universidade de Al-Azhar, na cidade de Gaza, a adolescente Layan ligou para um tio que mora em Frankfurt, na Alemanha.

Foi ele quem deu o primeiro alarme à Crescente Vermelha em Gaza.

De acordo com Layan, estavam mortos dentro do carro o pai Bashar, a mãe Anam e os irmãos Sana, de 13 anos de idade; Raghad, 12;  Mohammed, 11 e Sarah, de 4 -- depois do ataque de um tanque de Israel. Só a prima Hind estava viva àquela altura.

A reconstituição do episódio em detalhes foi feita pelo diário Washington Post.

MORTE DURANTE LIGAÇÃO

A Crescente Vermelha divulgou nas redes sociais a ligação dramática em que Layan é morta enquanto pede socorro. Há barulho de tiros ao fundo e a adolescente deixa de responder.

Em ligações subsequentes, é Hind quem atende.

À mãe, ela disse que estava ferida na mão, nas costas e na perna.

Hind ficou mais de três horas no telefone com a Crescente Vermelha

A Crescente Vermelha informou que ficou mais de três horas no telefone com a menina, que pedia: "Venham me buscar, venham me buscar, mandem alguém me buscar".

Depois de geolocalizar o automóvel, a Crescente Vermelha despachou uma ambulância com os paramédicos Yousef Zeino e Ahmed al Madhoun.

A entidade perdeu contato com a ambulância. Ambos seguem desaparecidos.

A mãe de Hind fez um apelo à comunidade internacional transmitido pelas redes NBC e Al Jazeera. Ela temia que a filha morresse de fome, frio e sede.

Israel informou ao diário Washington Post que desconhece o incidente.

Nas últimas horas, a diretora para Juventude e Voluntários da Crescente Vermelha em Gaza, Hidaya Hamad, foi morta num ataque à sede da entidade em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.

Na manhã deste sábado, 11 pessoas ficaram feridas depois que Israel atirou bombas de fumaça entre palestinos que se refugiaram no local.

A dramática situação de Gaza foi tema do programa Fórum Global na quinta-feira, 1.

Além dos ataques à Crescente Vermelha, Israel também denunciou a Agência da ONU para Refugiados Palestinos. Alguns funcionários da agência supostamente participaram do ataque do Hamas a Israel no dia 7 de outubro.

Foi o suficiente para países doadores da UNRWA suspenderem o repasse de verbas, tornando ainda mais dramática a situação dos refugiados palestinos em Gaza, que se amontoam no sul da Faixa.

Ao manter hospitais e escolas em Gaza, a UNRWA funciona como garantidora do chamado "direito de retorno" dos palestinos às suas terras de origem, hoje ocupadas por israelenses.

Por isso, a agência é um dos alvos preferenciais de Israel.