A União Europeia, por meio de seu alto representante para Política Externa, Josep Borrell, cargo equivalente ao de ministro de Relações Exteriores do bloco composto por 27 países, saiu em defesa do presidente Lula (PT) nesta quinta-feira (22) no caso da crise aberta com o governo extremista de Israel, liderado pelo premiê Benjamin Netanyahu, por uma fala em que o brasileiro traçou um paralelo entre o morticínio praticado pelos militares do Estado Judeu na Faixa de Gaza nos últimos três meses e as atrocidades cometidas pelos nazistas contra os judeus na Europa durante a 2ª Guerra Mundial.
“Não quero interferir em questões internas, mas está claro que Lula não queria fazer uma comparação com Gaza e o que os alemães e outros fizeram”, disse Borrell durante uma coletiva com um pequeno grupo de veículos estrangeiros, nesta quinta (22), no Rio de Janeiro, onde ocorrem as reuniões entre chanceleres do G20. Quem reporta a informação é a agência italiana ANSA.
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Desde que Lula deu a forte declaração, no último domingo (18), em Adis Abeba, na Etiópia, durante um giro pelo continente africano, nenhum líder internacional “comprou a briga” em defesa do Estado judeu, que vem sendo pressionado por todos os lados, inclusive pelos EUA, aliados incondicionais desde sempre, a colocar fim no massacre que já tirou a vida de quase 30 mil civis palestinos, a imensa maioria mulheres e crianças.
Não houve uma só manifestação entre as nações repudiando a frase do líder brasileiro, exceto uma resposta de um porta-voz da Casa Branca, durante entrevista, em Washington, quando questionado por uma repórter do Brasil. O funcionário limitou-se a dizer que “os EUA não concordam com a afirmação”, se traçar qualquer comentário, condenação ou repúdio.
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Já do lado israelense, o episódio tornou-se um verdadeiro “circo”. Há dias seguidos o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, os portais oficiais do governo de Israel e o chanceler do país, Israel Katz, insistem em provocações e ataques infantis, inclusive utilizando mentiras e distorções, como a de que o presidente brasileiro teria “negado o Holocausto”. Lula não disse absolutamente qualquer coisa em relação a isso. Israel também declarou Lula “persona non grata” em seu território e deu uma reprimenda pública no embaixador brasileiro Frederico Meyer, em pleno Yad Vashem, o emblemático Museu do Holocausto, em Tel Aviv.
Já na imprensa hegemônica brasileira, a “crise” é superdimensionada como se o ocupante do Palácio do Planalto tivesse cometido um crime capital, ou ainda sendo repudiado mundo afora. As reportagens procuram explorar e superestimar figuras pífias do cenário internacional, sempre alinhadas com os EUA e com Israel, deixando suas “reprovações” e “condenações” à atitude do chefe de Estado sul-americano.