Um dia após se reunir com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (22), o chanceler russo Sergey Lavrov.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Lula e Lavrov conversaram sobre temas da agenda bilateral entre os dois países, entre eles a necessidade de reforma dos mecanismos de governança global, questão climática, comércio e desenvolvimento. O chanceler veio ao Brasil para participar da reunião do G20.
Lavrov informou a Lula que a Rússia apoia seu pleito para que o Brasil ocupe uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e reforçou o convite para que o presidente brasileiro compareça à cúpula dos BRICS, que este ano será realizada na Rússia, ao que o mandatário confirmou presença.
A guerra na Ucrânia também esteve na pauta da reunião. De acordo com a Secom, Lavrov expôs a Lula a posição da Rússia no conflito, enquanto o presidente destacou que o Brasil segue disposto a colaborar no diálogo e esforços pela paz na região.
Através das redes sociais, Lula publicou fotografias do encontro com o chanceler russo e escreveu:
"Recebi hoje o chanceler russo, Sergei Lavrov, que veio ao Brasil para a reunião do G20. Conversamos sobre agendas bilaterais, debates ocorridos no G20 e questões como uma nova governança global e o Brics. Reiterei que o Brasil continua disposto a colaborar com esforços para a paz na Ucrânia".
Encontro com Blinken
Em comunicado oficial assinado pelo porta-voz Matthew Miller, o Departamento de Estado dos Estados Unidos, equivalente ao Ministério das Relações exteriores no país, detalhou a conversa entre o titular do órgão, Antony J. Blinken, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).
O encontro ocorre três dias depois da fala de Lula denunciando o genocídio de palestinos perpetrado pelo governo de Israel na Faixa de Gaza. Parte da imprensa brasileira e bolsonaristas afirmam que a declaração do presidente, que comparou o que ocorre no território palestino à matança de judeus encampada pelo regime nazista de Adolf Hitler, causou o isolamento do Brasil no cenário global, e esperavam uma reprimenda dos EUA ao governo brasileiro, visto que o país é o principal patrocinador geopolítico de Israel.
Isso, entretanto, não aconteceu. Pelo contrário. Ao final da reunião que durou mais de 2 horas, Antony Blinken teceu elogios a Lula, classificou o encontro como "ótimo" e agradeceu ao presidente brasileiro por ter dedicado tempo a recebê-lo.
“Encontrei-me com o presidente Lula antes da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20. O Brasil é um parceiro chave em muitas questões, incluindo o combate à crise climática e o avanço dos direitos humanos e trabalhistas. À medida que nos aproximamos dos 200 anos de relações entre os EUA e o Brasil, nossos laços estão mais fortes do que nunca”, escreveu Blinken no X, antigo Twitter.
Na pauta da reunião, estiveram presentes assuntos como combate à fome entre as prioridades do G20, bloco que o Brasil presidirá até novembro deste ano; crise climática; relações comerciais entre os dois países; e reforma dos mecanismos de governança global.
Mas não parou por aí. O chefe da diplomacia dos EUA conversou com Lula sobre guerras pelo mundo, como a entre Rússia e Ucrânia, a tensão entre Venezuela e Guiana na disputa por Essequibo e, naturalmente, as intervenções militares de Israel em Gaza que vêm causando a morte de milhares de civis palestinos.
Segundo comunicado do Departamento de Estado dos EUA, Blinken "elogiou o presidente Lula pelo papel do Brasil na redução das tensões entre a Guiana e a Venezuela na região de Essequibo" e "agradeceu ao presidente Lula pela participação do Brasil no processo da Fórmula da Paz da Ucrânia".
Sobre a situação em Gaza, os EUA informaram que Blinken discutiu com Lula o envolvimento de seu país no conflito e que concordou com o presidente brasileiro sobre a necessidade de proteger os civis palestinos.
"O Secretário discutiu o envolvimento dos EUA no conflito em Gaza, incluindo o trabalho urgente com parceiros para facilitar a libertação de todos os reféns e para aumentar a assistência humanitária e melhorar a proteção dos civis palestinianos", diz outro trecho do comunicado do Departamento de Estado.
Já a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) do Brasil relatou que Blinken concordou com Lula sobre "a necessidade de criação de um Estado Palestino".