DIPLOMACIA ATIVA E ALTIVA

Isolado? Lula é "parceria muito importante", diz chanceler dos EUA

Anthony Blinken se reúne com Lula e afunda narrativa bolsonarista de crise diplomática

Lula e Anthony Blinken, secretário de Estado dos EUACréditos: Ricardo Stuckert/PR
Escrito en GLOBAL el

Nesta quarta-feira (21), o presidente Lula se reuniu com o chefe da diplomacia dos EUA, Anthony Blinken. A visita ocorre três dias depois da fala do brasileiro denunciando o genocídio em Gaza durante a cúpula da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia.

Os bolsonaristas afirmam que Lula causou isolamento do Brasil no cenário global e teria imputado uma crise diplomática após as declarações que irritaram Israel. Mas a reunião do representante dos EUA com o petista mostra exatamente o contrário.

O encontro durou quase duas horas e foi descrito como "ótimo" pelo secretário de Estado. "Foi ótima reunião. Sou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Os Estados Unidos e o Brasil estão fazendo coisas muito importantes juntos, estamos trabalhando bilateralmente, regionalmente, mundialmente. É uma parceria muito importante e somos gratos pela amizade", afirmou Blinken.

Os EUA são o principal parceiro militar e político de Israel, mas não parecem ter se incomodado com a postura brasileira sobre a questão palestina.

Lula afirmou que discutiu com Blinken "a iniciativa pela melhoria da condição dos trabalhadores que lançamos com o presidente Biden, a proteção do meio ambiente, a transição energética, a ampliação dos laços de investimento e cooperação entre nossos países e sobre a paz na Ucrânia e em Gaza".

Brasil lidera levante mundial contra o genocídio

Os EUA vetaram três propostas de cessar-fogo para Gaza no Conselho de Segurança da ONU, incluindo a brasileira. Agora, eles promovem a própria resolução, que garantiria um cessar-fogo temporário.

A entrada dos EUA e do Reino Unido no grupo dos pró-cessar-fogo (mesmo que um cessar-fogo aparente ou temporário) mostra que, a cada dia, a narrativa israelense vem perdendo força na comunidade internacional.

Enquanto o perfil de Israel acusa Lula de ser um "negacionista do Holocausto", a verdade é que a fala de Lula que comparou o genocídio em Gaza ao Holocausto foi aprovada por 77 chefes de estado antes de ser realizada.

Nesta semana, ainda ocorrerá uma reunião do G20 no Rio de Janeiro. O grupo é presidido pelo Brasil, que quer colocar o cessar-fogo em Gaza na pauta das maiores economias mundiais.

Esta não é a cúpula definitiva com chefes de estado, que deve ocorrer em novembro de 2024, mas convoca lideranças diplomáticas do mundo para debates multilaterais.

A reunião será importante para consolidação de uma articulação multilateral e multipolar em favor da paz e do fim da fome, em favor dos países em desenvolvimento com cooperação internacional.

Lula convidou para a reunião do G20, além de representantes de todos os membros do grupo, ministros de Relações Exteriores de Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura.

O presidente brasileiro estendeu o convite a representantes de instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial, as Nações Unidas, a Corporação Andina de Fomento (CAF), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics, além da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Além disso, haverá representantes de Ministério das Relações Exteriores de Bolívia, Paraguai e Uruguai, bem como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Organização para o Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).