Em dezembro de 2019, China e Rússia anunciaram uma parceria para o desenvolvimento daquele que foi descrito, à época, como "o acordo do século": a construção de uma mega infraestrutura de dutos para o transporte de gás natural partindo da região de Yakutia, na Sibéria, em direção ao norte da China. A região abriga o "Power of Siberia", um campo de gás natural cujas reservas estão estimadas em 34.8 bilhões de metros cúbicos.
O acordo foi travado entre o grupo russo Gazprom, maior companhia energética da Rússia e a maior exportadora de gás natural do mundo, e a Corporação Nacional de Petróleo da China. O investimento foi estimado em cerca de R$ 230 bilhões.
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Chamado "East-rout" (rota leste), o gasoduto entrou em operação, oficialmente, na segunda-feira (2/12), de acordo com o anúncio do China Media Group (CMG).
A estrutura mede cerca de 5.111 quilômetros, com uma capacidade anual de transporte de até 38 bilhões de metros cúbicos de gás.
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A infraestrutura inicia em Heihe, no nordeste da China, e atravessa nove regiões e municípios até chegar em Xangai, onde está a maior demanda energética, com uma estrutura transfronteiriça de dutos que se estende por três mil quilômetros na Rússia e por mais de cinco mil na China, de acordo com o Belt and Road Portal. O ponto inicial parte da Sibéria, de onde o gás é transportado até Xangai, o ponto final das linhas de transmissão.
Ao longo da estrutura dos dutos, operam pelo menos 36 compressores de alta potência necessários à pressurização contínua do gás natural.
Quando atingir sua capacidade máxima de transmissão, a infraestrutura da Rota Leste deve fornecer até 10% de todo o gás natural chinês, de acordo com o Centro Chinês de Pesquisa em Economia de Energia da Universidade de Xiamen. A rota é parte do corredor estratégico de energia oriental do país, afirma a estatal chinesa de energia, PipeChina.
Este é o terceiro gasoduto de operação transfronteiriça a fornecer gás para a China, e, desde 2019, quando iniciou sua operação na seção da parte norte da China, já transmitiu mais de 80 bilhões de metros cúbicos de gás natural, atingindo até 450 milhões de pessoas ao longo de sua rota.
A presença da infraestrutura de transmissão direta Rússia-China deve, além disso, aliviar as tensões causadas pelas políticas de sanção ocidentais sobre a energia russa.
No fornecimento para a Europa, que ainda depende significativamente das redes de transmissão russas — para até 40% do total importado pelo continente —, a política de sanções tem sido um empecilho à comercialização de energia, já que até 1/4 das exportações do gás russo passa pela Ucrânia.
Espera-se que o fornecimento para a China alivie, em parte, o “déficit” russo de exportação energética causado pelo relacionamento conturbado dos últimos dois anos com o mercado europeu, desde o início do conflito com a Ucrânia.
De acordo com a Administração Nacional de Energia da China, a capacidade de produção total de gás natural na China está estimada em até 246 bilhões de metros cúbicos; mas, em 2023, o país consumiu cerca de 394,5 bilhões de métricos cúbicos de gás natural (o que correspondeu a 8,5% do consumo energético total do país).