Luigi Mangione, 26, foi preso em Altoona, Pensilvânia, sob suspeita de ser o assassino de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthCare, na última quarta-feira (4), nos EUA.
Mangione possuía uma arma de fabricação caseira que correspondia à usada no assassinato de Thompson, além de um manifesto contra o executivo.
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Ele foi acusado de vários crimes, incluindo homicídio, falsificação e posse ilegal de arma de fogo, e está preso no estado da Pensilvânia.
As motivações de Luigi Mangione
Na semana passada, havíamos noticiado que as reações à morte do CEO da UnitedHealthCare não geraram a resposta esperada na sociedade estadunidense.
Nas redes sociais, muitos aplaudiram o assassinato e aclamaram o assassino - até então desconhecido do grande público -, evidenciando a insatisfação pública com o sistema de saúde dos EUA.
Thompson liderava uma empresa frequentemente criticada pela negação de coberturas e procedimentos médicos. Em 2023, a UnitedHealthCare foi alvo de uma ação coletiva em nome de pacientes que faleceram após a negativa de procedimentos. A empresa utilizava uma ferramenta de inteligência artificial para avaliar os pedidos, mas investigações revelaram que a tecnologia apresentava uma taxa de erro de 90%. O sistema foi mantido, pois estimava-se que apenas 0,2% dos pacientes apelariam das negativas.
Esse não foi o único caso polêmico envolvendo a empresa. Em 2008, a UnitedHealthCare foi multada em US$ 173 milhões por mais de 900 mil violações da Lei das Práticas Injustas de Seguro na Califórnia.
Nas redes sociais, Mangione postou fotos de uma cirurgia de coluna, apontada como possível estopim para sua vingança contra o CEO.
“Peço desculpas por qualquer conflito ou trauma, mas tinha que ser feito. Francamente, esses parasitas simplesmente mereceram", escreveu o criminoso em um manifesto.
Ou um ícone?
Mangione, um mestre em engenharia da computação formado pela Universidade de Penn State, acabou se tornando uma figura vista positivamente nas redes sociais.
Considerado um "galã" e destacado por sua aparência, o jovem tornou-se uma mistura de sex symbol com símbolo de resistência ao capitalismo avassalador dos EUA, mesmo sendo um possível assassino. Rapidamente, ele se tornou um meme, inclusive nas redes brasileiras:
Fã do terrorista Ted Kaczynski, o Unabomber, Luigi foi alçado ao status de ídolo para uma parcela considerável de pessoas nas redes sociais, inspiradas pela revolta contra o sistema de saúde dos EUA.
A UnitedHealthCare se tornou um símbolo da crueldade do sistema de saúde norte-americano, marcado por custos elevados, recusa de procedimentos e acesso desigual. Um estudo de 2023 do observatório KFF apontou que 14 milhões de americanos têm dívidas médicas superiores a US$ 1.000, 3 milhões devem mais de US$ 10.000 em custos médicos, e cerca de 10% da população não possui qualquer tipo de seguro de saúde.
Uma pesquisa Gallup de janeiro de 2023 mostrou que 57% dos americanos apoiam um sistema de saúde público com participação de empresas privadas, semelhante ao modelo brasileiro.