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Derrubada de Assad pode ter tido um motivo perverso

Os grandes interesses econômicos

Bilhões de dólares.Ao vencedor, as batatas.Créditos: Reprodução
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A derrubada do presidente sírio Bashar al-Assad pode ter tido um motivo perverso e sobre o qual pouco se fala: a competição entre dois projetos de gasodutos voltados para abastecer a Europa, que ganharam enorme importância depois que a Rússia invadiu a Ucrânia.

O Catar detém o maior campo de gás natural do planeta a 3 quilômetros de profundidade no Golfo Pérsico, depende de navios para exportar e isso encarece o preço no mercado internacional.

Para conquistar o mercado europeu, carente de energia barata, o gasoduto teria de atravessar a Arábia Saudita, a Jordânia, a Síria e a Turquia, antes de chegar à Bulgária.

O governo sírio, no entanto, provavelmente pressionado pela Rússia, não autorizava o projeto, que é de interesse dos Estados Unidos justamente por reduzir a influência russa em continente europeu.

Alternativa

O gasoduto alternativo teria origem no Irã, passaria pelo Iraque e terminaria na Síria, seguindo sob o mar Mediterrâneo até a Grécia.

Assad endossou o projeto em 2012, mas a ideia nunca saiu do papel por causa da chamada "Primavera Árabe" e da guerra civil na Síria.

Escrevendo sobre o assunto ainda em 2015, a repórter australiana Charis Chang chegou a usar a frase "é o gás, estúpido", num texto em que informou que o Catar teria investido U$ 3 bilhões nas milícias anti-Assad entre 2011 e 2013, com aquiescência e participação da Arábia Saudita.

Um major estadunidense publicou um artigo no jornal das Forças Armadas mencionando a disputa como motivo para o conflito.

 Rob Taylor escreveu:

Do ponto-de-vista geopolítico e sob a lente da economia, o conflito na Síria não é uma guerra civil, mas o resultado de grandes jogadores internacionais se posicionando no tabuleiro de xadrez, em preparação para a abertura de um gasoduto.

Isso ajudaria a explicar a atitude complacente de Abu Mohammed al-Jolani, o líder formal do grupo que derrubou Assad, diante dos bombardeios que Estados Unidos e Israel fizeram à infraestrutura militar da Síria nas últimas horas.

O grupo que ele comanda poderia se beneficiar do negócio através do recebimento de significativas taxas de trânsito do gás, além de parcerias para explorar os campos de gás e petróleo da própria Síria.

Porém, esta especulação só será respondida por acontecimentos no futuro.

O que já sabemos é que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou que Israel jamais abrirá mão das colinas de Golã, território sírio ocupado por Tel Aviv onde há grandes reservas de petróleo.

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