Além de decidir o novo presidente do país, os eleitores dos Estados Unidos também votaram para decidir sobre temas como aborto, legalização da maconha, casamento homoafetivo, aumento de pena para roubos e furtos, imigração e mais outras dezenas de temas.
Isso porque nesta terça-feira (5) também aconteceram 146 plebiscitos estaduais sobre esses temas e outros, como se os trabalhadores que recebem gorjetas podem receber 25% menos do que o salário mínimo, se o país deve voltar a explorar gás natural, se o ensino em casa, o chamado homeschooling, deve ser liberado para estudantes até o ensino médio.
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Esses temas foram votados em 41 dos 50 estados, mas nem todos decidiram sobre todos os temas. Em relação ao aborto, por exemplo, a pauta foi votada em somente dez estados: Arizona, Colorado, Dakota do Sul, Flórida, Maryland, Missouri, Montana, Nebraska, Nevada e Nova York. A maioria dos estados votaram pela ampliação do direito ao aborto. Veja abaixo como decidiu cada estado:
Aborto
Arizona: A maioria dos eleitores decidiu pela alteração na Constituição estadual para restaurar o direito ao aborto até a viabilidade do feto - cerca de 24 semanas de gravidez. Atualmente, a lei prevê 15 semanas.
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Colorado: O estado, que já prevê o aborto legal, também decidiu por alterar a lei estadual e derrubar uma medida que limitava o acesso ao procedimento ao proibir o financiamento do governo estadual e local para o aborto.
Dakota do Sul: Já neste estado, os eleitores votaram por manter a restrição ao aborto. A votação previa a ampliação do procedimento para mulheres grávidas de até 12 semanas.
Flórida: A pauta do aborto também sofreu uma derrota na Flórida, onde foi decidido por manter a restrição do aborto somente até seis semanas, quando muitas mulheres sequer sabem que estão grávidas. A decisão do estado foi impactante para os movimentos a favor da legalização do aborto.
Maryland: O estado também já prevê o direito ao aborto, então os eleitores apenas votaram pela manutenção do acesso ao procedimento.
Missouri: A votação em Missouri foi uma das mais significativas, uma vez que o estado tinha uma das políticas mais restritivas ao aborto, proibindo o procedimento até mesmo em caso de estupro. Nesta terça-feira, os eleitores decidiram por autorizar a interrupção voluntária da gravidez até que o feto seja viável.
Montana: Os eleitores do estado também votaram pela manutenção do direito ao aborto, que pode ser feita até a viabilidade fetal, por volta da 23ª ou 24ª semana de gestação.
Nebraska: O estado decidiu pela restrição ao direito ao aborto, aprovando uma lei que proibe o procedimento a partir dos três primeiros meses de gravidez.
Nevada: Os eleitores decidiram pela aprovação de uma emenda que torna o aborto lega constitucionalmente. Porém, a medida deve ser novamente votada em 2026 para realmente entrar em vigor.
Nova York: O aborto já é permitido até a viabilidade fetal em Nova York, porém os eleitores aprovaram medidas que proibem discriminação devido à gravidez ou à saúde reprodutiva.
Legalização da maconha
Já em relação à legalização da maconha, quatro estados votaram pela restrição ou ampliação de medidas relacionadas à pauta. Foram eles: Flórida, Nebraska, Dakota do Sul e Dakota do Norte.
Na Flórida, onde a venda para fins medicinais já é permitida, uma emenda que previa a ampliação para vendas recreativas para pessoas com mais de 21 anos foi rejeitada pela maioria dos eleitores.
Já em Nebraska, foram aprovadas duas medidas para legalizar a maconha medicinal e regulamentar a indústria.
Dakota do Norte e Dakota do Sul votaram pela restrição à legalização, venda e uso da maconha.
Casamento gay
Os estados que votaram em plebiscitos sobre a definição de casamento, que afeta diretamente a união entre pessoas do mesmo sexo, foram Califórnia, Havaí e Colorado. O resultado das decisões, porém, ainda não foi divulgado até a publicação desta matéria.
Imigração
A pauta sobre imigração também é uma das principais na campanha presidencial, uma vez que Donald Trump, reeleito nesta terça-feira (5), promove constantes ataques a imigrantes e promete políticas contra a imigração no país.
Porém, somente um estado votou sobre medidas para ampliar ou restringir direitos dos imigrantes. No Arizona, os eleitores aprovaram uma lei que permite que a polícia local prenda imigrantes suspeitos de entrar ilegalmente no país, vindos do México.
Outros temas
Também no Arizona, os eleitores votaram para decidir se trabalhadores que ganham gorjetas podem receber 25% menos do que o salário mínimo. Atualmente, a legislação prevê que a categoria ganhe US$ 3 a menos do que o piso por hora.
Na Califórnia, os americanos também foram às urnas decidir se roubo e furto de bens com valor inferior a US$ 950 podem ser considerados crimes graves, caso o acusado tenha sido condenado por roubo em duas ou mais ocasiões anteriores.
Em Washington, os eleitores votaram pela volta ou não da exploração de gás natural. Em 2021, uma lei estadual exigiu que que empresas com emissões maiores do que 25 mil toneladas métricas de CO2 comprem créditos de carbono para compensar a poluição.
No Colorado, a população votou em relação a uma medida que permite o ensino domiciliar, o chamado homeschooling.
Já outros oito estados vão decidir se estrangeiros podem votar nas eleições locais. Nas eleições federais, existe uma lei que proíbe a votação desde 1996.
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